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Gulbenkian apoia formação e equipamento na luta contra o cancro em Cabo Verde

Profissionais de saúde cabo-verdianos vão receber formação em Portugal na área da oncologia e os hospitais em Cabo Verde vão acolher especialistas portugueses, além de equipamento, no âmbito de um protocolo estabelecido hoje com a Fundação Calouste Gulbenkian.

O acordo foi assinado na cidade da Praia pelo administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme d’ Oliveira Martins, e o ministro da Saúde e da Segurança Social de Cabo Verde, Arlindo do Rosário.

Através deste protocolo, 21 profissionais de saúde cabo-verdianos irão receber uma formação especializada em Portugal, enquanto em Cabo Verde os principais hospitais – Hospital Dr. Agostinho Neto (Praia) e Hospital Dr. Baptista de Sousa (Mindelo) – irão receber formação, ministrada por 34 especialistas portugueses.

Estes hospitais irão ainda ser dotados de equipamento hospitalar adequado ao combate ao cancro, doença que mata uma pessoa por dia em Cabo Verde, segundo avançou o ministro da Saúde.

O protocolo hoje assinado aposta no diagnóstico precoce, realizado ao nível dos cuidados primários de saúde, e na componente de tratamento, a nível hospitalar, com a possibilidade de quimioterapia.

Arlindo do Rosário mostrou-se preocupado com o avanço do cancro em Cabo Verde, onde os casos quase duplicaram entre 2012 e 2016. A doença é ainda responsável por um terço das evacuações médicas para Portugal.

De fora deste apoio da Gulbenkian está, para já, a radioterapia, tratamento que não existe em Cabo Verde.

“É indispensável compreendermos que, neste domínio, não se pode começar a casa pelo telhado. Temos de garantir que as fundações sejam seguras e, se forem seguras, vão permitir reduzir o risco, as razões de evacuação, sobretudo quando as evacuações são já numa fase muito adiantada da doença”, disse Guilherme d´ Oliveira Martins.

O responsável prosseguiu: “Visamos neste momento garantir uma redução drástica do risco relativamente à situação. Mas a nossa experiência permite acompanhar todo o fenómeno”.

Sobre a radioterapia, disse que este é um sistema “complexo, no plano técnico, que envolve energia nuclear, especialistas em energia nuclear e exige um caminho” que certamente será percorrido.

“Esta é a fase decisiva. Com esta fase podemos garantir que situações de doença incurável se tornem situações de doença crónica. É isto que se está a passar em todo o mundo”, acrescentou.

O projeto “Melhoria do diagnóstico e tratamento das doenças oncológicas em Cabo Verde” irá decorrer até 2020, em articulação com o “Plano estratégico nacional de controlo do cancro, 2018-2022” do país.

O objetivo do projeto é “contribuir para a melhoria dos cuidados de saúde na área da oncologia, com impacto expectável no prognóstico das doenças oncológicas”.

A Fundação recorda que o projeto-piloto “Rastreio de base populacional do Cancro do Colo do Útero em Cabo Verde”, que decorreu entre 2016 e 2017, permitiu “avaliar perto de 2.600 mulheres e evitar o desenvolvimento de cancro em 174 delas”.

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