Guiné-Bissau tem cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo

Cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo desovam anualmente na ilha de Poilão, no sul da Guiné-Bissau, disse à Lusa a coordenadora do departamento da biodiversidade do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP).

De acordo com Aissa Regalla, a pequena ilha de Poilão é o “terceiro sítio mais importante no mundo e o primeiro em África” para desova das tartarugas verdes, uma das mais emblemáticas subespécies daqueles animais, depois da Costa Rica e ilha de Ascensão, um pequeno território britânico a sul do Atlântico.

Entre os meses de agosto e novembro, a ilha de Poilão será centro de investigações científicas sobre a vida e dinâmicas de mais de 21 mil tartarugas marinhas que aí desovam, chegando de todos os cantos do mundo, adiantou a investigadora.

Cientistas e investigadores do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (Faculdade de Ciências de Lisboa) e da universidade de Exeter (Inglaterra), com o financiamento da fundação MAVA, vão participar na 14ª campanha de seguimento das tartarugas em Poilão, para, entre outros objetivos, “determinar com exatidão” onde é que vão parar, depois de saírem da Guiné-Bissau, disse a responsável do IBAP.

“Pela primeira vez, serão colocados aparelhos monitorados por satélites nas tartarugas para saber o seu movimento”, precisou Aissa Regalla.

O que já se sabe é que a Guiné-Bissau acolhe cinco das sete espécies de tartarugas marinhas que existem em todo mundo. A pequena ilha do Poilão, no arquipélago dos Bijagós, com pouco mais que dois quilómetros quadrados, é o santuário das tartarugas verde, oliva, de escamas, de couro e a cabeçuda.

Só não existem na Guiné-Bissau as tartarugas de kemp e a natator depressus.

Estudos já realizados em campanhas anteriores já demonstraram que por cada noite, entre os meses de agosto a novembro, desovam no Poilão cerca de 700 tartarugas, com cada animal a pôr 150 ovos, dos quais apenas cinco por cento de crias chega à vida adulta, notou Aissa Regalla.

“São esses animaizinhos que vamos tentar saber para onde vão parar e qual a dinâmica populacional”, sublinhou a responsável do IBAP.

Na Guiné-Bissau, o consumo das tartarugas “ainda não é um problema”, contrariamente a outros países africanos, mas o IBAP teme que “um dia a ilha do Poilão possa desaparecer”, deixando as tartarugas “sem um sítio para desova”.

A investigadora lembra que a crença popular guineense diz que uma tartaruga nascida num local volta lá quando for o período da sua desova, o que poderá vir a ser complicado se um dia a ilha do Poilão desaparecer devido às alterações climáticas, enfatizou.

Aissa Regalla referiu que para já “tem sido um grande problema” encontrar espaço na ilha de Poilão para tantas tartarugas no período da desova.

“Há registos em que uma tartaruga escava o ninho de outra para colocar os seus ovos”, afirmou a responsável do IBAP.

Lusa

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