Cultura

Guimarães acolhe exposições de André Cepeda, Ricardo Jacinto e Escola do Porto

expo vila flor No próximo sábado, dia 25 de outubro, inaugura um novo ciclo expositivo no Palácio Vila Flor e no Centro Internacional das Artes José de Guimarães. O programa tem início às 18h00, no Palácio Vila Flor, onde será inaugurada a exposição ‘Rien’, de André Cepeda. Às 22h00, é a vez do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) inaugurar o quarto ciclo expositivo de 2014 com as exposições ‘Parque: os cones e outros lugares’, de Ricardo Jacinto, e ‘Escola do Porto: Lado B / Uma história oral (1968-1978)’. Na noite de inauguração será igualmente lançado o catálogo desta exposição.

No Palácio Vila Flor, a exposição ‘Rien’, de André Cepeda, resume a argumentação valorativa de um ideal de verdade, cuja crítica política e social implícita se manifesta através do talento do artista.

A nudez e a crueldade latente em muitos pormenores registados tornam-se mais percetíveis e intensas a cada olhar, propondo a interiorização do sofrimento, da dor, da solidão, da decadência, do abandono, da segregação, como motor de busca de uma nova realidade não corrompida, nem injusta.

O preto e branco das fotografias devolve à imagem a sua essência primordial. A acumulação seletiva exercida pela atenção do sujeito, pelo seu olhar, transforma cada fotografia num exemplar único e insubstituível, que permite compreender a diferença entre realidade e encenação do real.

Entre o facto captado e o observador, a visão de André Cepeda imprime uma eminente dimensão sociopolítica, materializada num sincero e introspetivo ato de contestação.

No Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), a exposição ‘Parque: os cones e outros lugares’ revisita ‘Parque’, o mais amplo e complexo projeto de Ricardo Jacinto realizado até à data, e investe o território inexplorado que ficou desenhado quando o extenso coletivo de artistas e músicos que se reuniu em torno do autor se desmembrou.

Constituindo-se seguramente como uma das mais fascinantes obras produzidas no contexto da arte contemporânea portuguesa na última década, ‘Parque’ define-se como um espaço de criação coletiva e comunitária e desenvolveu-se praticamente sem interrupções entre 2001 e 2007, articulando um conjunto de três peças performativas principais com um conjunto de apresentações mais informais que documentavam as fontes, os materiais e os conceitos que consubstanciaram o projeto.

Ricardo Jacinto cruza no seu trabalho escultura, arquitetura e música para criar peças em que o espetador é convocado para experiências percetivas intensas e, por vezes, inusitadas. Nuno Faria, diretor artístico do CIAJG, assume a curadoria desta exposição.

A inauguração de ‘Parque: os cones e outros lugares’ acontece em simultâneo e de forma articulada com a inauguração da exposição ‘Escola do Porto: Lado B / Uma história oral (1968-1978)’.

A ‘Escola do Porto’ tem uma história oficial que começa em Carlos Ramos, é estruturada por Fernando Távora e internacionalizada primeiro por Álvaro Siza e depois por Eduardo Souto de Moura.

Na sombra desta ‘Escola do Porto’ existe um ‘Lado B’, um lado outro, de estórias que escaparam às teses e aos livros. São estórias esquecidas, estórias secundárias, algumas inconsequentes outras rasuradas, estórias que tentámos pensar com um conjunto de entrevistas nem sempre concordantes entre si e que, no seu desacordo, evidenciam uma realidade mais complexa, com posições mais marginais.

Desacordos que põem em causa a linearidade da história oficial e a imagem homogeneizadora da ideia de ‘Escola do Porto’. Estas estórias oscilam entre dois polos: entre a utopia social e política fortemente influenciada pelo Maio de 68; e a utopia formal e disciplinar que caracterizou o pensamento radical na década de 70.

A narrativa proposta centra-se na geração que iniciou os estudos na ESBAP em 1970, e que opôs marxistas, leninistas, ou maoistas a trotskistas, situacionistas ou anarquistas. A curadoria desta exposição está a cargo de Pedro Bandeira.

No piso 1 do Centro Internacional das Artes José de Guimarães continuará patente a exposição ‘A Composição do Ar’.

Ao longo de um percurso pelas oito salas que constituem o piso 1 do edifício, os visitantes poderão rever os ex-libris das coleções de Arte Tribal Africana, Arte Pré-Colombiana e Arte Chinesa Antiga pertencentes à coleção de José de Guimarães.

As exposições que marcam este novo ciclo expositivo no Palácio Vila Flor e no CIAJG ficarão patentes até 11 de janeiro de 2015, podendo ser visitadas de terça a domingo, das 10h00 às 19h00.

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