“É uma guerra”: Dramático relato de um voluntário durante os incêndios

Durante dois dias, incontáveis cidadãos uniram-se na defesa do País contra os incêndios. Quem não podia ir para o terreno colaborou como podia: organizando a imensa informação que ia chegando às redes sociais. Aqui fica um testemunho de quem esteve nessa linha da frente.

“A chuva chegou ao interior centro desde a 01h50 da madrugada. Penso que neste momento se acaba o nosso esforço da publicação de Facebook com constantes actualizações. Obrigado a todos”, começa por destacar Nuno F. Santos Cash, um antigo jornalismo e agora empresário: “Caramba. Tivemos jornalistas que não exercem a serem altruístas e dignos como numa redação. Pessoas que nunca estudaram jornalismo a exercerem serviço de cidadania. Tivemos gente solidária que não se preocupou somente com pais e filhos das suas regiões. Obrigado imenso”.

“O que vi ao vivo e o que soube de relatos, o que cheirei e o que fui vendo entre viagens permitidas, da estrada ao fogo do fogo ao sofá do sofá à janela, da janela ao contato com o resto do mundo… de tudo isso parecia um qualquer 11 de Setembro ou cenário de guerra dos filmes de zombies. É uma guerra”.

“Entrar numa estrada em chamas, apertar o coração mas pensar f***-se lá para isso porque eu tenho de mostrar quem sofre, seja Tondela ou Monção. E isso é o que sente cada um dos meus camaradas de ombro e peito que ao longo destas horas intermináveis foram bombardeados nas redações e no terreno com informação com holofotes e sem holofotes”, continua este testemunho: “Eu tenho medo de morrer a atravessar a rua. Não tenho medo de correr para chamas ou tiros ou cenários de guerra para mostrar. Nem eu nem muito menos aqueles que continuam a fotografar, escrever, fazer diretos, telefonar.

“Há os que sofrem por não poder fazer mais, mas fazem imenso ao serem quem são”.

“Amigos, este é o nosso Ground Zero em várias frentes que começou em Pedrógão. Cada um tem a sua dor, o seu terrorismo. Seja qual for a escala. Entre-os-Rios, Santa Comba Dão e pessoas a serem informadas de quem morre com copos de água com açúcar. Como é possível que depois da formação em psicólogos do INEM para tratamentos de catástrofe não exista uma rede que possa, a partir de agora, estar dirigida na esperança e na cura do trauma? Ou existe? Serão tantas as perguntas. Mas será muito mais o aproveitamento político”, concluiu.

A atualização mais recente neste imenso trabalha data das 2h00 de hoje. Mas o trabalho não acabou ainda. Há quem ainda não tenha notícias de familiares, há desalojados a precisar de abrigo, há zonas ainda sem comunicações. E há cidadãos, heróis anónimos sem capa, a continuar esta missão de serviço público.

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