Gröning, o contabilista de Auschwitz, condenado à prisão aos 94 anos

Aos 94 anos, Oskar Gröning foi condenado a quatro anos de prisão. O ‘contabilista de Auschwitz’ foi considerado cúmplice pelo extermínio de mais de 300 mil judeus húngaros, durante o Holocausto. Sete décadas após o horror, o guarda alemão assumiu a “culpa moral”.

Culpado: como guarda em Auschwitz, Oskar Gröning foi cúmplice do extermínio de mais de 300 mil judeus húngaros.

Os factos remontam ao tempo da II Guerra Mundial, mas a condenação é de agora. Oskar Gröning, mais conhecido como ‘o contabilista de Auschwitz’, foi considerado cúmplice pelo Tribunal de Luneburgo, na Alemanha, e condenado a uma pena de quatro anos de prisão.

Com 94 anos, Gröning poderá só voltar a conhecer a liberdade quando tiver 98. A acusação pedia três anos e meio de prisão.

“Arrependido”, o antigo guarda no infame campo de concentração e extermínio assumiu, em tribunal, a “culpa moral” pelo extermínio de mais de 300 mil dos 425 mil judeus húngaros deportados entre maio e julho de 1944.

É da função exercida pelo guarda das SS durante o Holocausto que ficou a alcunha de ‘contabilista de Auschwitz’: era Gröning quem confiscava os pertences dos detidos que entravam no campo, sendo por isso culpado de ter “ajudado o regime nazi a beneficiar economicamente de assassínios em massa”, como descreveram os juízes.

No último depoimento, o nonagenário declarou-se “muito arrependido” e emocionou os presentes ao salientar que “ninguém devia ter participado em Auschwitz”.

“Eu sei disso”, reforçou: “Sinceramente, arrependo-me de não ter tido essa perceção mais cedo e mais consistentemente”.

Foi “um passo tardio em direção à justiça”, resumiu o grupo de 67 sobreviventes e familiares das vítimas do Holocausto que participaram no julgamento como queixosos.

Sete décadas após a página mais negra da História mundial, este terá sido o último dos grandes processos sobre os crimes do regime nazi.

No campo de Auschwitz-Birkenau, o mais infame do Holocausto, terão sido exterminadas mais de 1,1 milhões de pessoas entre 1940 e 1945, sobretudo judeus europeus.