O Governo grego promete cumprir as exigências dos credores desde que não imponham mais medidas de austeridade. “Até junho, vai ser um inferno”, antecipa o ministro das Finanças, Yannis Stournaras: “tudo será analisado e julgado com nossos credores”.
Esgotada com a austeridade, a Grécia enfrenta o dilema de manter dois buracos – orçamental e financeiro – sem que consiga financiar as necessidades do país. O Governo está disponível para negociar com a troika o financiamento até 2016, mas depois de dois resgates rejeita a imposição de mais medidas de austeridade.
“Até Junho, vai ser um inferno”, admitiu o ministro das Finanças, Yannis Stournaras, antecipando as negociações com a troika: “tudo será analisado e julgado com nossos credores”. Serão, acrescentou o governante, “discussões difíceis”.
Stournaras foi citado pelo To Vima, um jornal que descreve o país como “refém” de um “jogo” executado entre os três componentes da troika. Nesse “jogo”, o FMI é o único credor a aceitar um perdão parcial dos 250 biliões de euros emprestados à Grécia entre 2010 e 2012, rejeitado pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu.
A “chantagem da troika para um novo memorando”, como designa o jornal Ethnos, ocorre enquanto os credores avaliam a execução do programa em curso. Só passando nessa avaliação é que a Grécia pode receber mais uma parcela do empréstimo.
Prosseguem assim o “suspense em torno da dívida”, salienta o To Vima, depois dos “dias angustiantes sob a ameaça de novas medidas” que, segundo o jornal Kathimerini, foram vividos pelo Governo de coligação liderador por Antonis Samaras.
A imprensa grega é unânime em reconhecer a existência de dois buracos: o financeiro, motivado pela urgência do Governo pagar os empréstimos, e o orçamental, resultante do desequilíbrio previsto para médio prazo entre a receita e a despesa do Estado.