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Governo timorense estuda medidas após incêndio que destruiu 1.500 hectares e 487 casas

O Governo timorense está a estudar medidas de urgência após um incêndio de grandes proporções que destruiu centenas de casas e mais de 1.500 hectares de floresta a sul de Díli, a maior parte com produção de café.

“A área total afetada é de mais de 1.500 hectares, dos quais 90 por cento são de plantação de café”, disse à Lusa Demétrio Amaral, secretário de Estado do Ambiente, com base na informação atualizada hoje.

O incêndio, que em algumas zonas continua a arder no fim de semana, começou ao que tudo indica devido a uma queimada descontrolada que, devido à seca que se vive na zona e ao vento forte, se alastrou a vários sucos dos municípios de Ermera e Liquiçá.

“Os nossos cálculos, com base na experiência de recuperação ambiental, e estimando um valor de 5 dólares por metro quadro, sugerem que o impacto económico do incêndio, em termos do que desapareceu, foi de quase nove milhões de dólares”, explicou.

“Os dados que temos mostram que foram afetadas 294 famílias, com casas destruídas. Foram também destruídas várias Uma Lulik (Casas Sagradas) da região”, explicou.

O governante referiu que as autoridades policiais estão a investigar indícios de que o incêndio começou com uma queimada e a apurar se há indícios criminais.

“Ninguém se lembra de um incêndio tão grande. Destruiu muita coisa”, explicou.

Cristina Carrascalão, que testemunhou a fúria do incêndio – que chegou a ameaçar a zona da Fazenda Algarve, da sua família, recordou o drama que as populações da zona viveram, sem meios para combater o incêndio.

“Os dados mais recentes dizem que foram destruídas 487 casas. Devido ao vento e ao fogo. Não conseguimos fazer quase nada para parar as chamas”, disse, explicando que acompanhou os bombeiros que foram à zona mais afetada.

“Não há meios, são zonas de montanha e de muito difícil acesso onde só se poderia combater o incêndio com aviões e helicópteros”, disse, referindo que incêndios do tipo têm ocorrido nos últimos anos, mas nenhum com estas proporções.

Queimadas fora de controlo, vento e seca, diz, contribuíram para o problema que exige agora medidas imediatas de apoio às populações afetadas.

O impacto foi especialmente significativo para os produtores de café da zona, que poderão demorar agora vários anos – quando conseguirem replantar – até voltar a obter rendimento da produção.

Demétrio Amaral disse que o incêndio demonstrou a necessidade de “envolver várias instituições para assegurar melhores condições de combate aos incêndios”, tanto a nivelo local como nacional.

“Em primeiro é essencial que os serviços policiais trabalhem em conjunto com as autoridades locais de suco para permitir alertas mais rápidos em casos de incêndio”, disse o secretário de Estado.

“E depois é preciso mais capacidade para intervenção. Os bombeiros precisam de equipamento adequado para poder intervir nas matas, em zonas topográficas difíceis. E finalmente é preciso envolver a comunidade no programa de educação e prevenção obre risco de incêndios”, frisou.

Demétrio Amaral disse que o Governo está a avaliar outras questões a médio prazo como o desenvolvimento de créditos de carbono para ajudar a promover a recuperação e biodiversidade ambiental nas zonas afetadas.

O assunto está a ser analisado em vários Ministérios estando previsto um encontro alargado para quarta-feira para ver as “possibilidades de intervenção do Governo a curto prazo e médio prazo e planos para intervenção e combate a incêndios a longo prazo”.

 

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