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Governo terá manipulado prejuízos do BPN para não agravar défice, avança Antena 1

O Governo terá dado indicações para que os prejuízos do BPN fossem ocultados, como forma de esconder o défice de 2012, adianta a Antena 1. O ministério de Maria Luís Albuquerque já reagiu, garantindo que “não há qualquer manipulação ou ocultação de contas”.

De acordo com investigação da Antena 1, Maria Luís Albuquerque, então secretária de Estado do Tesouro, “retirou de forma artificial 157 milhões de euros do défice orçamental de 2012”.

O objetivo desta alegada maquilhagem das contas públicas eram disfarçar o buraco daquele ano, cujos prejuízos do Estado eram superiores. Em causa os prejuízos do BPN.

A atual ministra das Finanças terá pedido à administração da Parvalorem para “mexer nas contas”, de forma a que fosse apresentado “o cenário mais otimista possívelW, refere a Antena 1, que cita a administradora da Parvalorem, Paula Poças.

“A 19 de fevereiro de 2013, a então secretária de Estado do Tesouro conhece, em reunião, as contas da Parvalorem: 577 milhões de euros em imparidades é o número apresentado pela administração da empresa pública onde estão os ativos tóxicos do BPN”, explica a Antena 1.

Ora, quando mais altos os prejuízos da Parvalorem, maior seria o défice daquele ano. Neste quadro, Maria Luís Albuquerque terá ficado preocupada e “pediu à gestão para mudar as contas e reduzir os prejuízos reconhecidos em 2012”.

“O que nos pergunta é qual é a vossa melhor expectativa relativamente à informação que têm e às garantias que têm no momento. E nós considerámos que não fazia sentido estar a agravar no momento já as imparidades, daquele valor”, revela Paula Poças à Antena 1.

Perante este cenário, a administração da Parvalorem “leva a cabo uma operação contabilística para diminuir os prejuízos expressos nas contas de 2012”.

As perspetivas apontavam para um buraco de 577 milhões, relacionados com empréstimos feitos pelo antigo BPN, mas o valor terá sido reduzido para 420 milhões, o que permitiu baixar o défice.

Uma das pessoas que fizeram o relatório das contas da Parvalorem relativas ao ano de 2012 – que não se quis identificar – confirma à Antena 1 a engenharia financeira.

“Foi uma martelada que demos nas contas. Eu nem questionei, as ordens vinham de cima para recalcular as imparidades de forma a baixar o valor. Atuamos dentro da margem que tínhamos”, conta essa fonte, àquela rádio.

Depois de conseguida essa ‘martelada’, Maria Luís Albuquerque terá agradecido. “Muito obrigada pelo trabalho efetuado. O resultado não é o que eu desejaria, mas isso não significa que seja possível fazer melhor”, refere a Antena 1, que teve acesso a documentação.

O caso estará a ser investigado pelo Tribunal de Contas que, para já, não faz qualquer comentário.

Entretanto, o ministério das Finanças enviou à redação da RTP um desmentido, onde assegura que “não há qualquer manipulação ou ocultação de contas”.

“O registo contabilístico de imparidades é função de estimativas de perdas futuras em créditos existentes. As imparidades são avaliadas e validadas pelos auditores das empresas de acordo com os critérios definidos para o efeito e adequadamente refletidas nas contas. Refira-se que qualquer materialização ou não dessas perdas é sempre registada nas contas da Parvalorem no momento em que se verificam, com o correspondente impacto nas contas públicas, pelo que não há qualquer manipulação ou ocultação de contas”, revela a nota do ministério de Maria Luís Albuquerque, citado pela Antena 1.

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