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Governo são-tomense recusa avançar com proposta norte-americana para erradicação do paludismo

O Governo são-tomense recusou avançar, por agora, com a proposta da Universidade da Califórnia para a eliminação da malária através da introdução no país de mosquitos geneticamente modificados, aguardando “estudos mais precisos e claros”, anunciou o executivo.

“Atendendo ao nível de desconhecimento da eficácia deste processo e alguma falta de informação precisa sobre as vantagens e desvantagens da implementação deste projeto no País, o Conselho decidiu, por agora, não avançar com a assinatura deste acordo”, refere um comunicado do Conselho de Ministros, a cuja cópia a Lusa teve acesso.

No início desta semana, responsáveis da Universidade da Califórnia apresentaram ao Governo são-tomense uma fórmula para erradicar o paludismo, baseado na introdução no país de mosquitos geneticamente modificados, como solução mais sustentável de combate a doença.

“O que a Universidade da Califórnia está a propor é uma abordagem inovadora para o controlo da malária em São Tomé e Príncipe e não só”, disse à imprensa João Pinto, professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Portugal, que está em São Tomé a colaborar com os seus colegas da universidade norte-americana.

O Governo justifica a decisão com a necessidade de obter primeiro “os resultados dos estudos futuros que sejam mais precisos e claros”, tendo orientado o ministro da Saúde, Edgar Neves, a “continuar à procura de fórmulas e ações mais eficazes para combater com sucesso esse flagelo”.

O comunicado refere um relatório sobre a evolução da malária no país, apresentado pelo ministro da Saúde, que sublinha “uma grande diminuição dos casos registados nas últimas semanas”, mas diz tratar-se de uma “situação excecional” devido ao período da gravana (época seca), em que “a diminuição da chuva tem um grande impacto na melhoria destes resultados”.

O relatório lamenta que “continue a verificar-se uma grande resistência da população” contra as pulverizações domiciliárias, “o que cria problemas sérios no cumprimento do calendário de trabalho e tem efeitos negativos na eficácia do processo”.

Por isso, o Conselho de Ministros “orientou o ministro da Saúde a apresentar uma proposta de atualização do decreto-lei que estabelece a obrigatoriedade de pulverização em todas as casas, com imposição de medidas coercivas contra os incumpridores, por se tratar de uma questão de saúde pública, já que a luta contra a malária é uma questão de superior interesse nacional”.

O Governo liderado por Jorge Bom Jesus analisou ainda a atual situação do abastecimento dos combustíveis e “a crescente onda de desinformação e intoxicação em torno deste processo, que tem levado ao aumento desenfreado da procura de petróleo pelas populações”.

O executivo considera que estas situações têm levado ao “surgimento de algumas filas nas bombas de combustíveis e a compra deste produto, em grandes quantidades, por parte de algumas pessoas para posterior revenda, em caso de eventual rotura de stock”.

De acordo com o comunicado, o Governo garante que “todos os expedientes estão a ser realizados para garantir o regular abastecimento de combustível”, prometendo “tomar medidas contra aqueles que se querem aproveitar desta situação para criar instabilidade social e praticar o crime de especulação”.

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