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Governo não sabia que Tancos “se tratava de uma encenação”

O primeiro-ministro assegurou hoje que nunca falou com a Casa Militar da Presidência sobre a investigação do furto e recuperação de armas de Tancos, mas que manteve Marcelo Rebelo de Sousa informado.

Estas são algumas das 100 respostas de António Costa ao juiz de instrução Carlos Alexandre sobre o processo de furto e recuperação de armas de Tancos, num depoimento escrito entregue no Tribunal Central de Instrução Criminal a que a agência Lusa teve acesso.

Na 98.ª questão, numa sequência de perguntas sobre a alegada encenação da recuperação do armamento de Tancos, o juiz quis saber se em algum momento António Costa falou com o Presidente da República ou com algum elemento da Casa Militar da Presidência da República sobre a investigação de Tancos e recuperação do material.

A esta pergunta o primeiro-ministro respondeu: “Nunca falei com nenhum elemento da Casa Militar da Presidência da República sobre este assunto. Nos termos da Constituição da República Portuguesa, mantenho permanentemente informado Sua Excelência o Presidente da República acerca dos assuntos respeitantes à condução da política interna e externa do país”.

Carlos Alexandre questionou também o primeiro-ministro se este teve conhecimento de que o arguido e ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes conhecia diretamente ou através do seu chefe de gabinete, tenente-general Martins Pereira, de que a recuperação do material de Tancos tinha sido encenada, tendo António Costa respondido que não.

O chefe de Governo afirmou também que, entre o roubo e outubro de 2018, não teve conhecimento que Azeredo Lopes “sabia que se tratava de uma encenação”, garantindo também que ele próprio desconhecia que a recuperação tinha sido encenada.

Sobre ter felicitado pela Polícia Judiciária Militar (PJM) e a GNR sobre a recuperação do material furtado em Tancos, António Costa respondeu que a informação que dispunha constava do comunicado da PJM de 18 de outubro de 2017 e que também lhe tinha sido transmitida pelo então ministro da Defesa.

No depoimento escrito, o chefe do Governo assegurou que teve conhecimento do assalto aos Paióis Nacionais de Tancos (PNT) a 28 de junho de 2017 pelo então ministro da Defesa Azeredo Lopes e que de imediato comunicou o caso ao presidente da República.

Carlos Alexandre perguntou: “Quando falou, pela primeira vez, com o arguido Azeredo Lopes, ministro da Defesa Nacional, sobre o assalto aos PNT? Qual o conteúdo da conversa?”.

A estas questões António Costa respondeu: “Quando o então ministro da Defesa Nacional, a 28 de junho de 2017, me comunicou a ocorrência. Informou-me o que tinha acontecido, tendo-me igualmente transmitido que tinham sido efetuadas pelo Exército as diligências apropriadas e que a ocorrência já tinha sido comunicada à PJM e ao Ministério Público”.

O primeiro-ministro garantiu que soube do assalto no dia em que este foi detetado e negou que tivesse falado sobre a ocorrência com o então diretor da PJM, mas que contactou imediatamente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Às 100 perguntas de Carlos Alexandre, o primeiro-ministro responde “não” a 29 delas.

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