Economia

Governo italiano mantém orçamento apesar das críticas de Bruxelas

O governo populista italiano prometeu hoje explicar aos parceiros europeus o orçamento para 2019, criticado por Bruxelas, e repetiu o compromisso de manter o país na zona euro.

As declarações dos dirigentes italianos foram feitas em conferência de imprensa após o conselho de ministros e surgem depois de a agência de notação financeira Moody’s ter revisto em baixa, na sexta-feira à noite, a nota de Itália, passando-a de “Baa2” para “Baa3”, o último nível da categoria de investimento.

“O mais importante é explicar o orçamento aos nossos interlocutores europeus”, declarou o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, enquanto os dois vice-primeiros-ministros, Matteo Salvini (extrema-direita) e Luigi Di Maio (antissistema), disseram que o país não quer renunciar ao euro.

“Não há qualquer vontade de sair da União Europeia ou da moeda única. Estamos bem na UE”, disse Salvini, antes de ceder a palavra a Di Maio, que assinalou que, “enquanto o governo durar, não haverá intenção de sair da UE ou da zona euro”.

A Comissão Europeia anunciou ter pedido a Itália uma clarificação sobre o projeto de orçamento entregue esta semana em Bruxelas, proposta que se desvia das regras europeias.

O governo liderado por Comte prevê um défice de 2,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019, quando o anterior governo de centro-esquerda tinha antecipado um défice de 0,8 por cento para o próximo ano. O desvio deve-se à intenção do governo de cumprir promessas eleitorais que exigem um aumento da despesa pública, contrariando os compromissos assumidos com a UE.

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, entregou na sexta-feira ao ministro da Economia e Finanças de Itália, Giovanni Tria, uma carta com as dúvidas da Comissão Europeia em relação ao projeto de orçamento italiano.

A derrapagem italiana “não tem precedentes na história do Pacto de Estabilidade e Crescimento”, escreveu a Comissão Europeia, nos excertos da carta divulgados, pedindo a Itália para responder às suas observações até segunda-feira.

O comissário explicou que a carta expõe as inquietações da comissão sobre o défice estrutural de Itália, a sua elevada dívida pública, que supera 130 por cento do PIB e a necessidade de o país fomentar o crescimento económico.

“O clima que temos na Europa é um clima de diálogo e disponibilidade e reiteramos que estamos confortáveis na Europa”, indicou Conte.

“Estamos convencidos que não inflacionámos os números”, acrescentou, em alusão às previsões governamentais de crescimento (1,5 por cento para 2019), consideradas demasiado otimistas, quando a maior parte dos observadores, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), antecipam um crescimento de 1 por cento no próximo ano.

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