O Bloco de Esquerda respondeu ao desafio do PCP de negociar a formação de um Governo de esquerda, mas convidou o PS para as negociações. “Propomos que essas conversações se façam sem qualquer condição prévia e no mais curto período de tempo”, salientam os bloquistas.
A possibilidade dos partidos de esquerda se coligarem para a formação de um futuro Governo foi retomada, hoje, pelo Bloco de Esquerda (BE). Depois do PCP ter programado “um conjunto de contactos, reuniões e encontros” que deixaram de fora o PS, o Bloco reagiu com um apelo às negociações que inclui os socialistas.
“Para assumir toda a sua responsabilidade por uma solução democrática, o BE propõe tanto ao PS como ao PCP a abertura de um processo de discussão e aprovação das bases programáticas de um governo de esquerda. Propomos que essas conversações se façam sem qualquer condição prévia e no mais curto período de tempo”, refere a declaração que saiu da reunião de ontem à noite da comissão política do BE.
“Dois anos de governo da troika demonstraram a insanidade das contas públicas arruinadas, de desemprego galopante, de colossais aumentos de impostos e de desrespeito pela vidas das pessoas”, defendeu o coordenador João Semedo, justificando a urgência do BE em querer aprovar as bases programáticas de um futuro executivo de esquerda: “Portugal precisa de uma solução que liberte o país da austeridade”.
Uma urgência que aperta o calendário para as rondas negociais “no mais curto período de tempo”, como refere o comunicado, uma vez que a demissão de Vítor Gaspar e a não aceite demissão de Paulo Portas deixaram o país, segundo o BE, num “pântano político”. “É na esquerda que está toda a responsabilidade de encontrar uma solução para libertar Portugal da troika e da crise”, garantiu João Semedo.
A primeira resposta partiu do PS. Ignorados pelo PCP, os socialistas aceitaram o convite do Bloco e marcaram o encontro negocial para hoje, às 19h00. Os comunistas também responderam positivamente e o encontro com o BE vai ocorrer na sexta-feira.
“A reunião entre representantes das direções dos dois partidos ocorre num momento de emergência nacional, onde os diálogos interpartidários são essenciais para encontrarmos soluções para os graves problemas que o país atravessa”, salienta o comunicado do PS que explica a adesão à iniciativa bloquista.
Uma iniciativa que difere da do PCP por incluir o PS. Ao explicar o pedido de “um conjunto de contactos, reuniões e encontros com personalidades empenhadas na afirmação de um Portugal desenvolvido e soberano”, o comunista Jaime Toga argumentou que “o PS não está identificado” com os objetivos propostos, pelo que o PCP endereçou os convites ao BE, ‘Os Verdes’ e Intervenção Democrática.