Mundo

Governo de Cabo Verde defende importância do ensino do português e sem complexos

Mindelo, Cabo Verde, 18 jul 2019 (Lusa) – O chefe da diplomacia cabo-verdiana, Luís Filipe Tavares, defendeu hoje que o ensino do português é “fundamental” para Cabo Verde, mas sem complexos e enquanto “língua do conhecimento”, reconhecendo a necessidade de “aprimorar” a aprendizagem.

“O ensino do português é fundamental para o futuro de Cabo Verde. Nós queremos ter recursos altamente qualificados e a língua portuguesa é a língua do conhecimento, é a nossa língua e temos de assumi-la de forma descomplexada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, durante a inauguração do Centro de Língua Portuguesa na cidade do Mindelo, ilha cabo-verdiana de São Vicente.

Na presença do homólogo português, Augusto Santos Silva, o ministro cabo-verdiano apelou para o reforço do apoio ao ensino da língua no país.

“É fundamental aprimorarmos o ensino da língua portuguesa no nosso país. O Governo de Cabo Verde aposta de forma muito clara no reforço da língua portuguesa”, afirmou Luís Filipe Tavares, pedindo, em concreto, apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua neste processo.

Instalado na Faculdade de Educação e Desporto, este centro resulta de um protocolo de cooperação assinado entre o instituo Camões e a Universidade de Cabo Verde. Disponibiliza uma biblioteca, um espaço de pesquisa e outro de reuniões, além de um gabinete de trabalho.

A propósito do novo espaço – já funcionam atualmente 76 centros do género em 46 países -, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde assumiu a importância, para o desenvolvimento do país, de se cultivar e falar “bem o português”.

“Nós falamos português há mais de 500 anos em Cabo Verde. Falamos crioulo há mais de 500 anos em Cabo Verde. Devemos tudo fazer para promover o ensino da língua portuguesa”, enfatizou.

“A língua portuguesa não é só a língua de Portugal. Ela é tão portuguesa de Portugal como de Cabo Verde, de todos os cabo-verdianos, como de todos os outros países da CPLP. Mas se há um país do mundo que pode reivindicar a língua portuguesa como propriedade, esse país é Cabo Verde (…). Quando os portugueses cá chegaram, não havia, até prova em contrário, ninguém. Então, nós assumimos a língua portuguesa desde o início como nossa e vamos trabalhar para promovê-la”, garantiu Luís Filipe Tavares.

Também para o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, o centro do Mindelo representa a “importância da educação” na cooperação com Cabo Verde, como a recente abertura da Escola Portuguesa na cidade da Praia, na ilha de Santiago.

“O português é, sobretudo, a língua de todos aqueles que a falam, vivendo nos nossos países [CPLP], e todos aqueles, nossos concidadãos que a falam, vivendo no estrangeiro”, destacou Augusto Santos Silva.

O Centro de Língua Portuguesa – Mindelo pretende apoiar, a nível científico, os estudantes da licenciatura em Língua Portuguesa e Estudos Cabo-verdianos, desenvolver atividade no âmbito da investigação em didática da língua portuguesa e identificar e descrever o lugar deste idioma no âmbito dos programas curriculares.

O espaço foi inaugurado hoje pelos chefes da diplomacia dos dois países que, na sexta-feira, participam, também no Mindelo, na XXIV reunião do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Produzir bibliografia e material de apoio que sustente práticas de divulgação e ensino da língua portuguesa e estabelecer ou aproveitar formas de divulgar a investigação produzida, através da formação dos agentes envolvidos nas políticas de língua (como professores, leitores entre outros) são outros dos propósitos do centro.

Financiado pelo instituto Camões, o centro dispõe de um acervo bibliográfico com cerca de 750 títulos, nas áreas da literatura infantojuvenil, didática da língua, didática da literatura, linguística, literatura de expressão portuguesa, manuais, gramáticas, dicionários e obras generalistas.

Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Em destaque

Subir