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Governo admite que a tecnologia militar possa ser aplicada com “fins civis”

O ministro da Defesa salientou hoje a possibilidade de “uma aliança” entre necessidades militares, empresas e o sistema nacional de investigação para desenvolver produtos que se podem também aplicar a “fins civis”, apontando como exemplo o projeto Auxdefense.

Em Braga, na Universidade do Minho, João Gomes Cravinho referiu que os produtos desenvolvidos por aquele projeto já estão a ser utilizados em cenário real, no Iraque, destacando a exclusividade de instituições, tecnologia e inovação portuguesas no projeto.

O projeto Auxdefense é financiado pelo Ministério da Defesa e tem como objetivo o “desenvolvimento de equipamentos de proteção individual avançados com elevada resistência ao impacto, corte e perfuração e de componentes de equipamentos militares (compósitos) com excelente resistência ao impacto”, segundo explicou à Lusa o coordenador do projeto e investigador da Universidade do Minho José Fangueiro.

“Este é um exemplo de que se pode fazer uma aliança entre as necessidades de proteção dos nossos soldados, que vão muitas vezes para ambientes adversos e precisam de ter toda a proteção possível, havendo aqui uma aliança entre o sistema nacional de investigação e uma capacidade empresarial inovadora também, é um círculo virtuoso”, salientou o governante.

Para Gomes Cravinho, aquele “círculo virtuoso” vai “permitir capacitar os soldados portugueses, desenvolver novas aplicações, criar novas possibilidades de exportação e novas possibilidades destes materiais para fins civis”.

Como exemplo dos “fins civis”, o ministro da Defesa apontou a utilização “pela indústria automóvel das blindagens que estão a ser desenvolvidas, materiais muito mais leves para os Pandur, mas que podem vir a ser incorporadas em materiais civis”.

Gomes Cravinho afirmou que “o oitavo contingente que está no Iraque já esta a utilizar este equipamento”.

“Os novos fardamentos foram desenvolvidos primeiro em ambiente de laboratório, testados pelos nossos comandos, paraquedistas, forças com maior grau de exigência, e agora o terceiro e último momento, na prática, no terreno, no Iraque”, explicou.

Segundo o coordenador do projeto, “todos os produtos foram feitos com conhecimento nacional, o que mostra a vivacidade e o conhecimento em Portugal e prova a ligação forte entre a academia, empresas e instituições militares”.

Isto porque, explicou, “todos os elementos de proteção foram devidamente ensaiados e testados em laboratório, mas também pelos próprios militares que tiveram um papel fundamental na otimização dos equipamentos”.

O projeto, referiu, centrou-se em três elementos: “Usabilidade, forma como o militar utiliza o equipamento, a questão ergonómica e o nível de proteção”, enumerou.

“Conseguimos soluções que reduzir o peso [do equipamento] relativamente às soluções no mercado, mas também um ‘upgrade’ ao nível da proteção balística, o que sob o ponto de vista da inovação é muito interessante a nível internacional”, referiu.

O investigador salientou ainda que “todos os equipamentos estão certificados com o selo Armytest e têm condições para se catapultar para o mercado o internacional, havendo empresas interessadas em seguir este caminho”.

Nos próximos 12 anos, o governo vai aplicar 45 milhões de euros num conjunto de investimentos relacionados com a proteção militar, segundo decisão do Conselho de Ministros de dia 22, merecendo “especial destaque” o projeto “Sistema de Combate do Soldado”.

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