Golpe de teatro com a meta à vista dá nova vitória à Porsche em Le Mans
Ainda não foi desta que a Toyota ganhou as 24 Horas de Le Mans, após décadas de várias tentativas. Com a meta à vista e a três minutos do fim o carro n.º 6 teve problemas quando tinha mais de um minuto de vantagem sobre o Porsche n.º 2
Depois de o azar já ter batido à porta do Toyota n.º 6, também ele afastou o carro n.º 5 do triunfo, entregando uma vitória inesperada a Neel Jani, Romaqin Dumas e Marc Lieb.
Tal como há 25 anos, quando Ukyo Katayama perdeu uma vitória quase certa para a Toyota a 15 minutos da meta devido a um furo, a sorte não quis nada com a marca japonesa, continuando a manter a Mazda como o único construtor do país do sol nascente a triunfar em La Sarthe.
A incredulidade dos responsáveis da Toyota contrastou com a festa nas hostes alemãs, que já só pensavam na segunda posição do Porsche n.º 2.
Esta 84.ª edição da mais importante corrida de resistência do mundo, foi marcada inicialmente por um forte aguaceiro que obrigou a um começo de prova atrás do ‘safety car’, conduzido também pelo ex-F1 Yannick Dalmas.
Quando as condições e o diretor de prova – o português Eduardo Freitas – obteve garantias de segurança, iniciou-se uma dura batalha para liderança entre o Porsche n.º 2 e o Toyota n.º 6, com este a acabar por fazer prevalecer o menor número de paragens nas boxes durante o final de tarde e toda a noite e madrugada.
Contudo na manhã da prova surgiram os problemas que fizeram atrasar o Toyota n.º 6 e custar uma possível vitória a Stéphane Sarrazin, Mike Conway e Kamui Kobayashi, que acabaram a prova na segunda posição.
Kazuki Nakajima, Anthony Davidson e Sebastien Buemi estavam na posição certa para aproveitarem e chamarem a si a liderança e a vitória nestas 24 Horas de Le Mans, provando que em La Sarthe uma corrida tão longa só está ganha quando a bandeira de xadrez baixa. E isso provou-se nos últimos minutos, quando o Toyota n.º 5 se imobilizou na reta da meta.
Neel Jani, Romain Dumas e Marc Lieb, que tinham largado da ‘pole position’ para esta mítica prova, acabaram por conseguir dar à Porsche a segunda vitória consecutiva em Le Mans mas de uma forma inesperasa, depois dos seus companheiros de equipa no 919 Hybrid n.º 1 – Mark Webber, Brandon Hartley e Timo Bernhard – deixaram cedo de sonhar, depois de perderem muitas voltas no começo da prova.
A Toyota salvou ainda a segunda posição, mas através do carro de Sarrazin, Conway e Kobayashi. Um ‘magro’ consolo depois de tudo o que a equipa fez durante a prova.
Quem cedo hipotecou as suas possibilidades foi a Audi. Primeiro foi a equipa do R18 n.º 7 – André Lotterer, Benoit Tréluyer e Marcel Fassler – a deter-se muito tempo nas boxes, para depois os seus companheiros de equipa do carro n.º 8 seguirem o exemplo, ainda que perdendo menos voltas.
Graças ao infortúnio de Nakajima e a da equipa do Toyota n.º 5, Lucas di Grassi, Oliver Jarvis e Loic Duval acabaram a corrida no último lugar do pódio, limitando os danos de umas 24 Horas de Le Mans para a marca de Ingolstadt esquecer.
Já em LMP2 vários foram os líderes, para nas primeiras horas da manhã emergir o Signatech Alpine como vencedor, numa categoria onde cedo Filipe Albuquerque ficou arredado das primeiras posições, depois do Ligier da RGR Sports by Morand ter tido problemas de motor na terceira hora.
João Barbosa foi ainda menos feliz, andando sempre muito atrasado no Ligier da Krohn Racing devido ao andamento mais lento dos seus companheiros de equipa, sobretudo do patrão Tracy Krohn, que teve também alguns percalços.
Em GTE Pro a Ford foi a surpreendente vencedora, através do GT n.º 68, depois de problemas com os outros carros da oval de Detroit e também de um percalço de Toni Vilander no Ferrari 458 Italia da Risi Competizione, que durante grande parte da prova foi o maior opositor da marca norte-americana.
O único motivo de felicidade para as cores portuguesas veio de Rui Águas, que dividindo o Ferrari 458 Italia n.º 83 com Emanuel Collard e François Perrodo foi segundo na categoria GTE AM. Uma classe que Pedro Lamy liderou no Aston Martin n.º 98 até o seu companheiro de equipa Paul Dalla Lana ter uma sucessão de erros e saídas de pista.
Classificação
1.º Neel Jani/Romain Dumas/Marc Lieb (Porsche) 384 voltas
2.º Stéphane Sarrazin/Mike Conway/Kamui Kobayashi (Toyota) + 3 voltas
3.º Lucas di Grassi/Loic Duval/Oliver Jarvis (Audi) + 12 voltas
4.º Marcel Fassler/André Lotterer/Benoit Tréluyer (Audi) + 17 voltas
5.º Nicolas Lapierre/Gustavo Menezes/Stéphane Sarrazin (Alpine) + 27 voltas
6.º Roman Rusinov/Will Stevens/René Rast (Oreca) + 27 voltas
7.º Vitaly Petrov/Victor Shaitov/Kirill Ladygin (BR) + 31 voltas
8.º Nick Leventis/Danny Watts/Steven Kane (Gibson) + 33 voltas
9.º Pu Junjin/Tristan Gommendy/Nico De Brujin (Oreca) + 36 voltas
10.º Memo Rojas/Julien Canal/Nathanael Berthon (Ligier) + 36 voltas
