Galheta é a ave do ano

Imagine um corvo, mas adaptado ao ambiente marinho. É a galheta, que a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Aves (SPEA) escolheu como ‘Ave do ano 2017’.

Presente ao longo da costa continental portuguesa, a galheta apresenta uma plumagem escura com reflexos esverdeados.

Tem olhos verde-esmeralda e um pescoço e bico compridos. É, aliás, do pescoço que deve derivar o nome da espécie, pois é longo e curvado como um galheteiro.

A principal colónia reprodutora em Portugal encontra-se no arquipélago das Berlengas, onde a população terá cerca de 75 casais. Nidifica ao longo da costa rochosa, construindo o ninho em fendas, grutas ou plataformas.

Durante o período de reprodução, entre janeiro e julho, os adultos em plumagem nupcial exibem uma pequena crista junto à testa, enquanto os juvenis são de cor castanha, com o peito, barriga, pescoço e garganta de cor clara uniforme.

Os ovos, geralmente entre um e seis, são postos entre fevereiro e abril, com a incubação de 33 dias a ser feita por macho e fêmea.

Depois de nascerem, os juvenis necessitam de cerca de dois meses para começarem a deixar o ninho, embora ainda se encontrem muito dependentes dos progenitores.

Com penas permeáveis à água, a galheta tornou-se numa pescadora exímia, podendo mergulhar dezenas de metros e durante mais de três minutos. Para se secarem, abrem as asas ao sol.

Sendo uma ave marinha, enfrenta problemas ao lidar com algumas artes da pesca, como as redes de emalhar.

De acordo com os dados de 2002, a espécie estará a enfrentar um ligeiro decréscimo a curto e longo prazos.

A galheta está classificada como ‘vulnerável’ pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.

O projeto Life Berlengas, coordenado pela SPEA, tem vindo a marcar aves, nas Berlengas, com dispositivos de geolocalização, os quais enviam dados que vão permitir acompanhar em tempo real a localização das galhetas.

O objetivo desta iniciativa é a identificação das áreas vitais para a espécie e onde surjam potenciais interações com embarcações de pesca.