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Gaia e as suas opções

motonautica cdpmotonauticaComo cidadão de Gaia, seu residente há 31 anos, fico muito feliz que haja uma boa agenda cultural nos próximos meses e para todos os gostos, desde o Marés Vivas, Motonáutica, S. João, entre outros. Mas ao mesmo tempo fico preocupado com determinadas opções.

Gaia vai celebrar a noite de São João com concerto de Mariza, gratuito para a população, em que a Câmara de Gaia terá que desembolsar uma determinada verba. O Marés Vivas em plena campanha eleitoral tão contestado pelos seus custos e um dos candidatos (que agora é vereador) chegou a colocar cartazes em várias rotundas da cidade com destaque para os seus custos, inerentes à organização. O subsídio da Câmara de Gaia em 2014 foi, de 175 mil euros. Não sei quanto é deste ano, mas não andará longe.

O grande prémio de Motonáutica terá uma despesa de 450 mil euros a repartir por Gaia e Porto. É bom potenciador de turismo, principalmente para os hotéis do Porto e Gaia e restauração. Todavia o Porto é uma câmara que financeiramente está bem, pelo legado de Rui Rio, e essa verba está dentro das suas possibilidades. Mas Gaia financeiramente não está bem e sinceramente não acho boa ideia apoiar este evento. Pelo que me apercebo o Porto vai ter os louros deste evento e Gaia está subalternizada. Esta prova desenrola-se nas ribeiras do Porto e Gaia, entre a ponte de Luís I e o edifício da Alfândega. O destaque deve ser para as duas cidades: Gaia e Porto.

Como se sabe Gaia está numa situação financeira no limite do red line, escapou ao FAM (Fundo de Apoio Municipal), mas vai ter de fazer saneamento financeiro. Congratulo-me por ter sido conseguido esse desiderato, mas as contas ainda não estão consolidadas.

Por outro lado, 57 mil dos 174 mil residentes activos em Gaia trabalham fora do concelho, 33 mil têm emprego ou estudam no Porto, sendo que mais de 18 mil vêm de carro para a cidade do Porto.

Eu, por exemplo, quando tenho que ir ao Porto vou de carro porque não tenho um local de estacionamento apelativo, onde estacionar e apanhar o Metro. O estacionamento em Gaia é escasso e muito caro. É fundamental haver em Gaia vários parques de estacionamento, perto da linha do Metro. A Câmara de Gaia deve pensar num enorme parque de estacionamento perto da Rotunda de Santo Ovídeo (há espaço no inicio da 222), em que se estabeleça um preço entre o andante e o bilhete de estacionamento do carro.

Fala-se tanto da Frente Atlântica (Porto, Gaia, Matosinhos), em vez de andarem a tirar fotos em conjunto e pouco se vê. Devem desenvolver em conjunto uma política de mobilidade de transportes e de acesso às suas cidades. Estabelecer, para além do Metro, uma boa rede de autocarros e harmonizá-la com os STCP. Já nem vou falar do interior de Gaia porque aí os operadores privados usam e abusam de horários e preços.

Outra opção de futuro é o prosseguir a linha do Metro, para além de Santo Ovídeo. Por fim exigir comboios urbanos que passam na Granja, S. Félix da Marinha, com assinatura mensal mais barata (actualmente mais de 75 euros) e horários compatíveis com horários de trabalho e não de hora a hora.

Pessoalmente, preferia que se investisse em parques de estacionamento do que em determinados tipo de eventos. Um evento é algo passageiro, preferia ter ao longo do ano, melhor qualidade de vida na cidade onde habito.

Por fim, um mero esclarecimento. A cidade de Gaia vai realizar uma Bienal de Arte coordenada pelo artista plástico Agostinho Santos. Pedro Abrunhosa disse que Gaia entrará no mapa cultural. Queria dizer ao meu amigo Pedro Abrunhosa, convidado de honra, num dos debates do Clube dos Pensadores que Gaia já está no mapa cultural, não pela arte de pintar ou esculpir, mas pela arte de debater ideias com os cidadãos de Gaia e não só.

Tenho a certeza que foi um lapsus linguae do meu amigo e “cantautor”. Desculpem a minha jactância, mas apercebo-me de forma dissimulada e subreptícia querer ignorar-se algo que tanta gente insuspeita enaltece e aprova. A começar pelo próprio Pedro Abrunhosa.

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