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“Fui emboscado. É claro que Rui Pinto não contou tudo”, diz Aníbal Pinto

Aníbal Pinto, antigo advogado de Rui Pinto que é arguido no caso Football Leaks, afirmou ter sido “usado” pelo hacker.

O comentário foi feito quando Aníbal Pinto saía do Tribunal Central Criminal de Lisboa, depois de terminada a segunda sessão do julgamento.

“Os clientes usam sempre os advogados. Infelizmente, muitos clientes não dizem a verdade. É claro que [Rui Pinto] não contou tudo, disso tenho a certeza”, comentou o advogado, garantindo estar “absolutamente tranquilo” quanto à absolvição.

Aníbal Pinto declarou estar “orgulhoso” pelo profissionalismo que demonstrou como advogado de Rui Pinto, entre críticas ao comportamento do criador do Football Leaks, que é o principal arguido no processo.

“Só fui constituído arguido quando tiveram a necessidade de manter o Rui Pinto preso e manter um crime de alegada extorsão, cuja desistência é absolutamente clara. A ser uma extorsão, era inacabada e nunca se poderia manter a acusação deste crime”, sustentou.

Depois de criticar o antigo cliente por ocultação de informações sobre o envolvimento com a Doyen Sports, Aníbal Pinto apontou o dedo a Pedro Henriques, advogado de Nélio Lucas, então administrador da Doyen.

“Soube que fui emboscado depois da desistência das negociações”, acusou, referindo-se ao encontro ocorrido na estação de serviço da A5 em Oeiras, a 22 de outubro de 2015, no qual esteve com Pedro Henriques e Nélio Lucas.

“Fui enrolado pelo Dr. Pedro Henriques. Não posso censurar Nélio Lucas, que quer resolver a vida dele usando tudo e todos. Até aceito, com reserva e pudor. Em relação a Rui Pinto, tenho de fazer aquilo que entendem. A única coisa que não aceito é um advogado enganar outro advogado. Fui absolutamente leal e claro com Pedro Henriques e se ele tivesse sido leal comigo, hoje não estava aqui”, afirmou.

Também a acusação do Ministério Público foi criticada pelo antigo advogado de Rui Pinto.

“Não sei o que Rui Pinto queria. A mim, disse-me que queria ser contratado e que tinha de pagar impostos. E essa é outra coisa que não percebo: como é que há uma extorsão com impostos? Nunca vi isto em lado nenhum, é uma brincadeira. Como é que o MP pode sustentar que há uma extorsão a cinco anos? Se houvesse uma extorsão, eu não saberia que no primeiro dia de pagamento éramos presos? Isto é tão evidente e ‘naïf’ que até fica mal”, considerou Aníbal Pinto.

O julgamento do processo Football Leaks continua esta quarta-feira, com as Intervenções dos assistentes.

O principal arguido, Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol e a Procuradoria-Geral da República, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

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