A saída da troika não significa motivo para “festas” ou “grandes foguetes”, alerta Freitas do Amaral: a austeridade veio para ficar, o que significa que “houve mentira” por parte do Governo.
Em entrevista à Antena 1, deu como “exemplo” dessa mentira a possibilidade de medidas anunciados como “extraordinárias” serem, a partir de dado momento, ordinárias.
“Eu infelizmente estou convencido de que o Governo as quer tornar definitivas, o que me parece uma péssima solução. Primeiro, porque foram apresentadas como provisórias quando se calhar o Governo já sabia que um dia teriam que ser definitivas. Se foi assim, houve mentira”, afirmou Freitas do Amaral.
Para o fundador do CDS e ex-ministro do PS, os cortes anunciados como provisórios, nos salários e nas pensões, nada têm de provisórios.
“O Presidente da República está farto de o dizer: Portugal não pode construir um novo modelo económico baseado em salários baixos e pensões baixas”, reforçou.
Daí que a saída da troika, em maio, não seja motivo para “grandes festas e grandes foguetes”, uma vez que a austeridade vai continuar por cá.
“O que eu desejaria ver deste Governo – mas não tenho grandes esperanças – era ver, terminado o período da troika, em vez de grandes festas e grandes foguetes, que o primeiro-ministro falasse ao país e dizer que acabou o pesadelo, acabou a fase pior, mas ainda há problemas sérios para resolver”, avançou Freitas do Amaral.
“Só que esses problemas não podem ser resolvidos através da austeridade pura e dura, têm que ser resolvidos através de uma aposta no crescimento e no emprego”, continuou o político, citando o que Passos Coelho deveria dizer ao país: “eu vou tomar estas e aquelas medidas com o apoio da Europa para seguir esse caminho” do crescimento e emprego.
Só com essa clara afirmação política é que o Governo poderia evitar quer um programa cautelar, quer um agravamento dos juros assim que a troika vá embora, argumentou ainda Freitas do Amaral.
O programa de austeridade é ainda a melhor oportunidade para o PCP recuperar a influência perdida ao longo de décadas, aceitando formar um Governo de esquerda com os socialistas: algo que “não é possível neste momento”, reconheceu.
“Eu só espero que o Partido Comunista não fique agarrado à ideia de que só tem que entrar em cena quando for para fazer a revolução e aceite fazer alianças de Governo. A democracia portuguesa funcionaria muito melhor se a alternância fosse entre PSD/CDS e PS/PC”, sustentou o ex-ministro socialista.
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