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Francisco Abreu com “saudades de sentir um semáforo verde e queimar borracha”

Francisco Abreu partilha com a maioria dos pilotos de automóveis no nosso país uma saudade imensa da competição, embora perceba que a prioridade atual é recuperar a saúde pública para depois a sociedade recuperar a normalidade.

Envolvido nas competições de pista há vários anos, nas corridas de turismo e depois nas de GT a nível internacional, o piloto da ilha da Madeira deu-nos uma perspetiva de como tem vivido a atual situação de pandemia por Covid-19.

E “não tem sido fácil”. No entanto para si “o mais importante é não perdermos as rotinas diárias saudáveis que fazem parte da nossa vida e do nosso bem estar, tal como a atividade física, o foco mental e a produtividade diária na empresa” na qual está inserido.

Francisco Abreu também salienta ser um privilegiado: “Tenho a sorte que alguns portugueses não têm (pelos mais diversos motivos que os levam a não poder trabalhar de casa), de ter ao alcance as ferramentas necessárias para não deixar de forma alguma de ser produtivo na atividade empresarial”.

“No entanto, o mais importante é que todos percebam que ficar em casa nesta altura, salva vidas, e que essas vidas são importantes para alguém. Tenho a certeza que no futuro olharemos para esta situação com outros olhos e iremos retirar conclusões que não nos tínhamos apercebido antes”, salienta.

O piloto que veste as cores do Marítimo retira algumas ilações da situação, frisando que há que ser positivo “e aprender com as lições de tudo isto que estamos a viver. Todos os profissionais de saúde merecem o nosso respeito e são eles nesta altura que estão a arriscar a sua própria vida por todos nós, não queria deixar de dar uma palavra de apreço para eles”.

As corridas virtuais vêm ‘à baila’ nesta conversa com Francisco Abreu, pois tem sido algo a que outros nomes conhecidos do automobilismo e internacional se têm dedicado. “As competições online são importantes e cada vez mais o têm demonstrado. Têm-me entretido bastante, principalmente numa altura onde as saudades de sentir um semáforo verde e queimar borracha apertam cada vez mais”, refere a propósito.

Mas Francisco diz claramente: “Nunca fui muito ligado ao Sim racing, mas admito que durante esta quarentena tenho assistido a imensas corridas que acontecem com uma rotina praticamente diária e também admito que já peguei no meu simulador com 10 anos, abri-o (permitam-me a analogia: como um motor de um carro, só que sem ir aos pistões) e voltei a ‘matar’ de alguma forma as saudades que tinha. Obviamente que não é igual, e aqui já temos muitas discussões interessantes por essa internet fora, não é o meu objetivo alimentá-las. Espero que este entusiasmo pelas corridas virtuais venha para ficar, o que só é benéfico para o desporto que amamos”.

Sobre o que o futuro reserva o piloto madeirense está otimista, embora prudente: “Previsões, são previsões. Temos que nos colocar na pele de grande parte das empresas, que estão e irão enfrentar grandes dificuldades económicas nos próximos tempos.

Toda a atividade económica será afetada, uns negócios mais que outros, mas a recessão afetará todos”.
“Com isto não digo que não vou competir, porque estamos a trabalhar diariamente para tal, tínhamos inclusive dois bons projetos europeus em vias de se concretizarem e um projeto americano interessante, faltando apenas acertar alguns detalhes, mas é importante percebermos a situação atual e como ela afetará grande parte dos pilotos que vivem do retorno que dão aos seus patrocinadores”, sublinha Francisco Abreu.

O piloto da Madeira sabe que sem ‘sponsors’ não há corridas, pois eles “são os principais alicerces dos projetos que montamos e se eles sofrem”, eles, os pilotos, também irão sofrer, e acrescenta: “É difícil fazer uma previsão quando não sabemos como será o dia de amanhã, quais serão as repercussões desta pandemia e que setores
serão mais afetados. Contudo, não posso esconder que a minha vontade é de competir ao mais alto nível, crescer e trabalhar para obter os resultados mais altos possíveis”.

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