Gilles Bourdouleix, deputado e autarca, cometeu um ‘suicídio político’ quando, confrontado com os protestos de ciganos, afirmou: “parece que Hitler não matou os suficientes”. O político vai ser expulso da UDI e corre o risco de ir a tribunal por apologia de crime contra a Humanidade.
A França está atónita perante um caso de xenofobia e apologia do genocídio. Um deputado e autarca, Gilles Bourdouleix, evocou a ‘solução final’ do regime nazi quando confrontado com os protestos de algumas dezenas de ciganos. “Parece que Hitler não matou os suficientes”, afirmou Bourdouleix, ficando a frase registada por um jornalista de um jornal regional.
O autarca de presidente da Câmara de Cholet, no oeste de França, vai ser expulso da UDI (União dos Democratas e Independentes), um partido de centro-direita, e poderá ser impedido de desempenhar cargos públicos. Bourdouleix corre ainda o risco de ir a tribunal responder pelo crime de apologia de crime contra a Humanidade.
Ao reportar o caso, o jornal Le Monde salienta que as estatísticas oficiais apontam para que mais de 500 mil ciganos tinham sido mortos pelo regime nazi, durante a II Guerra Mundial.
A frase do político foi proferida num momento de tensão em França, país onde as comunidades ciganas têm sido discriminadas desde que o então Presidente Nicolas Sarkozy promoveu uma política de expulsão de ciganos, a maioria dos quais de nacionalidade romena. Só nos últimos dias têm sido desmantelados vários acampamentos e hoje, enquanto Bourdouleix proferia uma afirmação xenófoba, foram destruídos um acampamento perto de Paris e outro em Marselha.
Se Bourdouleix passou das marcas, há outros políticos que se têm mantido à beira do precipício nesta questão dos ciganos. Jean-Marie Le Pen, o conhecido fundador da Frente Nacional (de extrema-direita), adiantou no início do mês que a “presença odorante” dos ciganos em várias regiões francesas lhe provoca “urticária”.
Outro autarca, nomeadamente o presidente da Câmara de Nice, Christian Estrosi (da UMP, de direita), defendeu publicamente que os municípios devem revoltar-se contra a instalação de acampamentos ciganos nos respetivos territórios.