Os mais mediáticos prémios do fotojornalismo, a World Press Photo, não podiam deixar de lado a crise dos refugiados e a guerra na Síria. Mas um dos distinguidos, o português Mário Cruz, foi reconhecido pelo trabalho sobre a exploração laboral e sexual das crianças no Senegal.
Pela 59.ª vez, a World Press Photo resume as notícias do ano, vistas pelas lentes dos repórteres fotográficos, numa mostra que transcende a fotografia e se trata de um retrato da atualidade.
E qual foi a atualidade em 2015? Uma crise de refugiados e a guerra civil na Síria, os dramas que valeram a maioria dos prémios atribuídos pelo júri da World Press Photo, assim como a poluição extrema na China e a ascensão do Estado Islâmico (ISIS).
Mas entre os premiados, eleitos de um total de 5775 fotógrafos (de 128 países) em competição, com 82.951 fotografias, houve um que retratou uma realidade mais escondida: e é português.
Mário Cruz, da agência Lusa, foi distinguido na categoria ‘Temas contemporâneos’ com uma ‘visita guiada’ ao mundo dos talibés, as crianças (sobretudo meninos) que as famílias enviam para aprender o Corão em escolas no Senegal.
Mas o fotojornalista português ‘mergulhou’ num mundo de crime, mostrando como as crianças, muitas vezes raptadas e traficadas, são exploradas e abusadas de várias formas, sendo forçadas a mendigar nas ruas ou tornadas escravas sexuais.
“A realidade é muito mais chocante quando estamos lá”, admitiu Mário Cruz, em declarações à RTP: “Entro e vejo 20 crianças a tremer de medo. Impressionou-me bastante”.
Ainda há esperança?
‘Regressando’ à World Press Photo, o Grande Prémio para a melhor fotografia a concurso foi entregue a Warren Richardson, o australiano que mostrou ao mundo como um bebé atravessou uma fronteira (entre Sérvia e Hungria) através de arame farpado.