Força Aérea no combate aos incêndios: As “dúvidas” escondidas no consenso
O regresso da Força Aérea ao combate aos incêndios era um desejo antigo de quase todo o País, mas já há “sérias dúvidas” quanto à medida. A Associação dos Oficiais Forças Armadas (AOFA) avisa que vão faltar efetivos.
Em declarações à Lusa, o coronel António Mota, presidente da AOFA, lembrou que a Autoridade Nacional de Proteção Civil também tem meios aéreos, o que poderá vir a criar uma duplicação de resposta ou uma guerra de competências.
É preciso definir já “se apenas a gestão” dos meios aéreos públicos “passa a ser feita pela Força Aérea” ou se é “a gestão e a operação”, frisou o coronel António Mota.
São “dúvidas” cujo esclarecimento é urgente, até para se saber como se vão distribuir os efetivos, já considerados insuficientes para as funções que, até aqui, estavam concessionadas a privados.
“Nem nos quer passar pela cabeça que nesse aspecto em concreto, que é o aspecto mais sensível de tudo isto, se está exclusivamente a passar a batata quente da gestão para a Força Aérea”, considerou o responsável da AOFA.
Para além de faltaram em “quantidade”, faltam efetivos de “qualidade”, ou seja, “pessoas devidamente formadas para fazerem face a estas novas missões”, insistiu o militar: “Só se podem formar pessoas quando elas existem e as Forças Armadas estão muitíssimo abaixo do número de efetivos que é necessário para o cumprimento das missões que já hoje têm”.
É “positivo” que se atribua novas funções aos militares, mas ficam “sérias dúvidas” quanto à eficácia nessas funções se não forem reforçados os meios humanos, sublinha o presidente da AOFA.
O reforço dos efetivos militares tem de coincidir com um aumento dos orçamentos dos três ramos das Forças Armadas, aproveitando-se que está agora em discussão o Orçamento de Estado para 2018.
Basta lembrar, continuou António Mota, que a medida agora anunciada (o regresso das Forças Aéreas ao combate aos incêndios) é para ser aplicada “no imediato” e não “daqui a um mês ou dois”.