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Fogo no Pinhal de Leiria foi planeado

O Pinhal de Leiria era um dos pulmões de Portugal mas um violento incêndio, em outubro de 2017, devastou grande parte do seu território. Agora, meio ano depois, um madeireiro revela à reportagem da TVI que foi tudo “planeado”, algumas semanas antes, em reuniões “na cave de um restaurante” por parte de… “madeireiros”.

À jornalista Ana Leal, este madeireiro, que não quis revelar a identidade, confessa que foi tudo planeado por madeireiros e compradores de madeira. O objetivo era incendiar o Pinhal de Leiria e lucrar com isso.

Segundo a reportagem, para incendiar aquele que chegou a ser conhecido por ‘Pinhal do Rei’ foram usados engenhos incendiários em “vasos de resina com caruma lá dentro”.

Cave de restaurante serviu para combinar fogo

“O pinhal estava armadilhado”, explica Ana Leal, que ouviu os medos e receios do madeireiro que agora dá voz a estas denúncias.

“Se isto sai daqui eu posso levar um tiro na cabeça”, explica, dizendo que foi tudo mantido em segredo pelos “industriais”.

O madeireiro entrevistado pela TVI garante ainda que se o incêndio no Pinhal de Leiria não tem acontecido, nesta altura, “a madeira estava a 80 euros e não havia para cortar”.

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Depois da catrástrofe, este madeireiro sublinha que “deviam ser todos presos a vida inteira”.

“Queimam tudo e é uma cambada de terroristas”, salienta esta fonte, ouvida pela TVI, que não é identificada, revelando ainda que o preço da madeira foi acordado nestes encontros secretos quer para a madeira ardida, quer para aquela que não ia arder.

“Combinaram não oferecer nada pelos lotes do Estado”, refere, garantindo que a ideia é que, passado algum tempo, o Estado acabe por ter que dar quase dada a madeira.

A Polícia Judiciária, após investigações no local, já tinha revelado que este violento incêndio tinha “mão criminosa”.

Bastaram 24 horas para que o pinhal de Leiria desaparecesse. Os incêndios de 15 de outubro destruíram uma floresta com mais de 700 anos.

Os incêndios de outubro de 2017, que atingiram 36 concelhos da região centro, provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos, e destruíram total ou parcialmente perto de 1500 casas e cerca de meio milhar de empresas.

Extensas áreas de floresta e de terrenos agrícolas foram igualmente destruídas pelos fogos de 15 e 16 de outubro de 2017, que afetaram de forma mais grave os municípios de Castelo de Paiva e Vagos, no distrito de Aveiro; Oleiros e Sertã (Castelo Branco); Arganil, Figueira da Foz, Lousã, Mira, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Tábua e Vila Nova de Poiares (Coimbra); Gouveia e Seia (Guarda); Alcobaça, Marinha Grande e Pombal (Leiria); e Carregal do Sal, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão, Tondela e Vouzela (Viseu).

Nas manchas florestais atingidas, destaque designadamente para o Pinhal de Leiria, na Marinha Grande, que ficou reduzido a cerca de 20 por cento da sua extensão, e seus prolongamentos para norte (Mata Nacional do Urso, em Pombal) e para sul (orla costeira de Alcobaça), para as matas nacionais de Quiaios (Figueira da Foz), onde arderam mais de três mil hectares, equivalentes a cerca de 50 por cento da sua área, e da Margaraça (Arganil), classificada como Reserva Biogenética do Conselho da Europa, que perdeu cerca de 70 por cento da flora, e ainda para o Parque Natural da Serra da Estrela, penalizado nos municípios de Gouveia, Oliveira do Hospital e Seia.

Na sequência dos fogos que deflagram em 15 de outubro foram consumidos mais de 220 mil hectares de floresta, cerca de 45 por cento da área total ardida durante 2017, de acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Os dois incêndios que, em outubro, destruíram maiores áreas ocorreram no distrito de Coimbra, nos concelhos da Lousã, onde foram atingidos cerca de 43 900 hectares, e de Oliveira do Hospital (perto de 43 200 hectares).

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