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FMI defende criação de reservas monetárias para responder aos impactos de calamidades em Moçambique

“É importante que o país crie reservas para poder ter independência e capacidade para fazer face a este tipo de choques”, disse o representante do FMI em Moçambique, Ari Aisen, durante a apresentação do último relatório da instituição sobre as perspetivas económicas para África Subsaariana em 2019.

O último relatório do FMI prevê que o crescimento da economia moçambicana caia de 3,8 por cento previstos para este ano para 1,8 por cento, devido aos ciclones Idai e Kenneth, que devastaram o país em março e abril.

O setor da agricultura é apontado como um dos mais afetados, tendo sido registada a destruição de um total de 770.866 hectares de culturas diversas no centro e norte do país devido aos dois ciclones, segundo dados oficiais.

“A boa notícia é que nós achamos que teremos uma recuperação forte em 2020 devido as políticas que têm estado a ser implementadas na agricultura”, afirmou Ari Aisen.

Apesar da redução “considerável” nas projeções económicas deste ano, em 2020 o FMI prevê que Moçambique atinja um crescimento de 6 por cento.

O FMI antevê depois taxas de crescimento de 4 por cento em 2021 e 2022, previsões que sobem para 9,2 por cento em 2023 e 11,5 por cento em 2024 graças à exploração de gás natural.

Ou seja, a riqueza produzida por Moçambique deverá chegar este ano a 15.100 milhões de dólares (pouco mais que o Produto Interno Bruto do Alentejo português), mas daqui por cinco anos prevê-se que seja dois terços maior: 24.200 milhões de dólares (21,6 milhões de euros).

O FMI prevê ainda que a inflação seja mais alta que o previsto este ano (8,5 por cento em vez de 5,5 por cento) devido ao “choque provocado pelo ciclone Idai na disponibilidade de alimentos na região da Beira, que representa cerca de um quinto do Índice de Preços do Consumidor”.

A dívida pública moçambicana, por sua vez, continua no nível de ‘distress’, ou seja, acima dos valores máximos prudenciais, mas com uma perspetiva “sustentável”.

Estima-se que a dívida do setor público no final de 2018 tenha chegado a 110,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mais 0,1 que em 2017, evoluindo para 117 por cento em 2019 e 111,4 por cento em 2020, sobretudo devido aos encargos do Estado ao entrar como sócio nos consórcios de petrolíferas internacionais que vão explorar o gás natural.

As previsões foram divulgadas na sexta-feira, a propósito da concessão de um financiamento de 118 milhões de dólares (105 milhões de euros) a Moçambique, livre de juros, anunciado em abril, para permitir ao país enfrentar os efeitos do ciclone Idai.

Os ciclones que afetaram o país mataram 603 pessoas em províncias do centro de Moçambique e outras 45 em Cabo Delgado, no norte, tendo deixado um rasto de destruição em vilas e cidades destas regiões.

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