A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alertou hoje para os riscos de derrapagem financeira e armadilha do endividamento nos países abrangidos pela “Nova Rota da Seda”, projeto internacional de infraestruturas lançado pela China.
O gigantesco plano de infraestruturas está avaliado em 900 mil milhões de dólares e inclui cerca de 70 países, visando reativar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.
“A Nova Rota da Seda pode atender às necessidades urgentes de infraestrutura em todo o mundo” e “abrir linhas de financiamento aos países com maior necessidade”, afirmou Lagarde, num fórum dedicado à iniciativa, realizado em Pequim.
“Essas parcerias podem, no entanto, levar a um aumento problemático do endividamento”, ressalvou.
“Nos países onde a dívida pública é alta, uma gestão cuidadosa dos termos financeiros é crucial”, disse.
Os bancos de desenvolvimento estatais e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projetos lançados no âmbito daquele programa, que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas ou malhas ferroviárias.
Em alguns casos, os empréstimos colocam os países numa situação financeira insustentável.
O Sri Lanka, por exemplo, recebeu empréstimos da China para construir um porto de águas profundas, e teve mais tarde que ceder o controlo da infraestrutura a Pequim, por não conseguir suportar o endividamento.
Os países que aceitam projetos no âmbito da “Nova Rota da Seda” não devem sentir que se trata de “um almoço grátis”, advertiu Lagarde.
A responsável do FMI apelou ainda a maior transparência: “Devemos garantir que a Rota da Seda só leva onde for necessário”.
“Em projetos de grande escala, às vezes há a tentação de aproveitar as licitações (…) Há sempre o risco de projetos fracassados ou da apropriação indevida de fundos. Em alguns casos trata-se mesmo de corrupção “, disse.
O presidente Xi Jinping, no entanto, criticou na terça-feira as críticas à “Nova Rota da Seda”, na abertura do Fórum Boao, conhecido como o “Davos asiático”, que se realiza no sul da China.
“Este não é um Plano Marshall ou uma conspiração da China”, afirmou.
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