A Fitch acredita que o impacto da guerra comercial entre a China e os EUA e os riscos de um Brexit sem acordo levarão a uma revisão em baixa do crescimento a nível mundial, incluindo na zona euro.
Em comunicado, a agência de ‘rating’ referiu que “levou a cabo revisões em baixa significativas ao crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] da China e da zona euro para os próximos 18 meses”.
Assim, a organização prevê que a economia chinesa cresça 6,1 por cento este ano e 5,7 por cento em 2020, face às previsões da agência em junho, que apontavam para 6,2 por cento e 6 por cento respetivamente.
Na mesma nota, a Fitch revela que, no caso da zona euro, a estimativas são agora de um aumento de 1,1 por cento em 2019 e 2020, mas em junho a Fitch apontava para 1,2 por cento este ano e 1,3 por cento em 2020.
Os Estados Unidos não escapam a este cenário de desaceleração, com as previsões a apontarem para uma evolução do PIB de 2,3 por cento este ano e 1,7 por cento em 2020, em comparação com a estimativa anterior, de 2,4 por cento e 1,8 por cento respetivamente.
A Fitch avisa ainda que a zona euro pode ainda crescer menos no caso de um Brexit sem acordo, “um risco que cresceu ainda mais no verão”, segundo o comunicado.
“Enquanto que a desaceleração mundial dos últimos 12 meses se deveu a várias causas – incluindo condições de crédito na China, o aperto na liquidez global do dólar em 2018 e mudanças significativas em alguns grandes mercados emergentes – a principal causa para a deterioração das perspetivas nos próximos 12 a 18 meses é a política comercial”, lê-se na nota da Fitch.
A agência recordou que os EUA intensificaram as tarifas sobre as exportações chinesas durante o verão, de 25 por cento para 30 por cento em bens avaliados em 250 mil milhões de dólares (226,4 mil milhões de euros à cotação atual) e criaram uma nova taxa de 15 por cento nos restantes 300 mil milhões de dólares (271,7 mil milhões de euros), sendo que estas mudanças entrarão em vigor entre outubro e o final do ano.
A Fitch acredita que o “choque” destas medidas irá reduzir o crescimento chinês em 2020 em 0,3 pontos percentuais, face ao estimado em junho.
O arrefecimento da economia chinesa, de acordo com a agência de ‘rating’ tem sido “um fator importante” no crescimento “desapontante” da zona euro.
“A evolução da zona euro foi mais fraca do que o esperado no segundo trimestre de 2019 e dados mais recentes continuam a surpreender pela negativa, particularmente na Alemanha, onde a economia se contraiu” no mesmo período, segundo a Fitch.
Um Brexit sem acordo pode conduzir a uma “recessão significativa no Reino Unido” em 2020, sendo que um dos cenários aponta que, se o PIB britânico cair 1,4 por cento, a zona euro pode recuar 0,4 pontos percentuais”, destacou a Fitch.
A agência salientou que ao EUA têm-se mostrado mais resistentes a estes problemas, mas o setor industrial arrefeceu “significativamente” e as empresas estão mais cautelosas nos investimentos, face às incertezas das políticas comerciais.
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