Os festejos do Carnaval na Venezuela começam hoje, conforme decisão do Presidente Nicolás Maduro, que garantiu ainda o pagamento antecipado de um bónus económico.
No anúncio, feito no passado dia 20, Maduro declarou que o dia de hoje e a sexta-feira, 01 de março, seriam considerados dias de feriado nacional para prolongar a festa que caracterizou como “cultural”.
Nicolás Maduro anunciou ainda o pagamento de um bónus económico aos venezuelanos titulares do cartão da pátria, promovido pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo).
O cartão da pátria foi criado no início de 2017 para melhorar a distribuição de alimentos à população através das comissões de abastecimento e produção (CLAP).
A antecipação do Carnaval coincide com a crise humanitária na Venezuela, marcada desde sábado com a deserção de 411 militares e polícias, segundo noticiou a agência noticiosa espanhola EFE, que cita fontes oficiais colombianas.
Vários militares e polícias venezuelanos começaram a desertar a partir de dia 23 de fevereiro (sábado), quando um grupo de voluntários tentou entrar no país a partir da Colômbia e do Brasil, com ajuda humanitária reunida por uma coligação internacional que procura aliviar a crise existente na Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já dezenas de mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou cerca de 3,4 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Em 2016, a população da Venezuela era de aproximadamente 31,7 milhões de habitantes e no país residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.