Uma peça de teatro. Manuela Ferreira Leite, ex-líder do PSD, lamenta que o Governo tenha desperdiçado o chumbo do Tribunal Constitucional a normas do Orçamento e tenha preferido “dramatizar”. Em entrevista à TVI24, Ferreira Leite, Passos criou uma “teatralização perigosa” e Vítor Gaspar ajudou a montar o cenário, com um despacho inócuo. “Não acredito que o ministro das Finanças pense que paralisando o país resolve o problema da despesa”, afirmou Manuela Ferreira Leite.
Em entrevista à TVI24, a social-democrata Manuela Ferreira Leite criticou o Governo pela forma como reagiu à decisão do Tribunal Constitucional, que chumbou quatro normas do Orçamento de Estado. Ferreira Leite entendeu que esse chumbo poderia representar “a sorte grande” do executivo, já que permitiria apresentar-se perante a troika com o argumento de que não pode fazer cortes de 4000 milhões de euros, impossíveis e recessivos.
“Ingenuamente, fiquei convicta de que saíra a sorte grande ao Governo. Genuinamente fiquei convicta. Pensei que retiraria a pressão de mais 1300 milhões de euros nos cortes das despesas públicas e nas receitas que eram cobradas. Achei que isso era uma ajuda. Achei que era um bom pretexto”, sustentou Manuela Ferreira Leite.
No entanto, o Governo optou por manter o compromisso com a troika e não procurar uma renegociação das metas do défice. E preferiu montar “uma peça de teatro”. A antiga ministra das Finanças entende que há dramatismo, sendo que “o despacho de Vítor Gaspar confirma-o. “Há aqui um dramatismo, uma teatralização”, alerta a social-democrata.
Esse despacho do ministro das Finanças, para Ferreira Leite, não representa qualquer solução, nem traz efeitos positivos. “Só compreendo o despacho como sendo uma das peças do teatro, dentro da estratégia da teatralização, como se houvesse um drama, em que a única solução era parar o país”, diz a antiga líder do PSD.
E Vítor Gaspar não o fez ingenuamente, de acordo com as convicções de Manuela Ferreira Leite: “Não acredito que o ministro das Finanças pense que paralisando o país resolve o problema da despesa. Essa teatralização é perigosa porque, mais uma vez, dão insegurança a pessoas que já estão inseguras”
O acórdão do Tribunal Constitucional não representa um problema grave que Portugal não possa resolver. Ferreira Leite lembra que o chumbo das quatro normas representa apenas um por cento do total do Orçamento de Estado.