Ferreira Leite: “Abandono de idosos no hospital não é malvadez, é o mal menor”
Manuela Ferreira Leite arrasou por completo a proposta do Bloco de Esquerda para criminalizar o abandono de idosos nos hospitais. “Culpabilizar as pessoas não resolve o assunto, vai é encher as cadeias”, afirmou a comentadora.
Na análise do tema, para a TVI, a antiga líder do PSD manifestou desconforto pela intenção de legislar “comportamentos”.
“Sentimentos, valores, princípios” não se legislam, insistiu, mesmo reconhecendo que “abandonar alguém no hospital é uma coisa absolutamente odiosa”.
O que importa é o que leva alguém a “abandonar pai ou mãe” no hospital “e desaparecer”, sobrecarregando os hospitais públicos com idosos que não necessitam de continuar internados.
“Noventa e nove por cento dos casos são problemas de natureza financeira, de não terem casa ou capacidade para levar uma pessoa que, por exemplo, está imobilizada”, frisou Manuela Ferreira Leite.
O problema é “dramático” porque, para muitos portugueses nessa situação, “talvez pensem que estar no hospital é o melhor que pode acontecer, porque em casa não terão apoio”.
“É simplesmente horrível, não se fazem leis a dizer ‘o senhor não seja mau, passe a ser bom’. A tendência não deverá ser evitá-lo através da penalização, mas pensando como se vai resolver para que não tenha esta consequência”, insistiu a comentadora.
A resposta terá de passar por “arranjar muitos mais lugares onde possam ser internadas pessoas que não têm capacidade de ser acompanhadas pelos familiares”, uma vez que a criminalização só vai criar um problema adicional: “Que ajuda um filho pode dar se estiver preso?”
“Não é por maldade dos filhos, é por ausência de meios financeiros. Mais de metade da população não paga IRS, não tem rendimento para isso”, insistiu Manuela Ferreira Leite.
“Os políticos devem fazer leis para resolver o problema que está na origem. Não é a malvadez da grande maioria dos filhos, para estarmos a criminalizar a maldade. O que está na origem é as condições que as pessoas têm, não vêem solução, o mal menor é estar nos hospital”, continuou.
A ex-ministra concluiu de forma contundente: “Culpabilizar as pessoas não resolve o assunto, vai é encher as cadeias. Criminalizar não dá mais carinho para ir buscar a mãe, nem meios para o fazer”.
