Para a maioria, um novo ano civil é motivo de esperança. Se é para mudar, que seja para melhor. Mas há sempre um ‘velho do Restelo’ com cenários catastróficos. A agência Bloomberg ouviu vários especialistas para apresentar os sete ‘cisnes negros’ de 2016.
O conceito de ‘cisne negro’ foi cunhado por Nassim Nicholas Taleb, no livro homónimo que antecipa “o impacto do altamente improvável”.
E quais são, então, os ‘cisnes negros’ que podem aparecer em 2016?
A lista pode ser resumida a sete tópicos, envolvendo o terrorismo do Estado Islâmico, passando por um Reino Unido a abandonar a União Europeia e culminando com o ‘eucalipto’ Donald Trump a ser eleito Presidente dos EUA.
1 – Caos petrolífero
O primeiro cenário catastrofista implica um atentado terrorista de grandes dimensões do Estado Islâmico, um golpe de Estado na Venezuela, uma guerra civil na Nigéria e um vazio de poder na Argélia.
Isolados, seriam incidentes lamentáveis, mas combinados fariam desaparecer 3,5 milhões de barris de petróleo, com o valor de referência a passar dos 100 dólares por barril.
2 – Brexit
O termo Brexit refere-se ao Reino Unido (mais genericamente, a ‘Britain’) sair (‘exit’) da União Europeia.
Com o euroceticismo a aumentar em terras de Sua Majestade, o ‘Brexit’ iria fazer Londres cair de principal praça financeira da Europa para um posto pouco recomendável.
A crise não seria financeira: a Escócia teria argumentos para relançar o desejo de independência.
3 – Erro 404 na banca
Quem usa a internet já se deparou com o “erro 404 – página não encontrada”. O terceiro ‘cisne negro’ da lista é um ciberataque de grande escala aos bancos, afectando o comércio e os sistemas de pagamento (como a rede multibanco).
Já se imaginou a passar mais do que um dia sem poder usar o cartão de débito?
4 – Adeus a Merkel
O quarto cenário já se nota em alguns países: um aumento da contestação aos refugiados e dos apelos ao reforço da segurança interna.
Importa é saber como vai reagir a Alemanha. “Se a Merkel perder o emprego será o inferno na terra”, antecipou um analista.
O motivo? Uma Alemanha xenófoba iria abandonar a Grécia, entre outros países resgatados (como Portugal), à sua sorte, provocando o fim da moeda única e do sonho europeu.
5 – O colapso da China
Outro pesadelo que se vai repetir em 2016, para quem teme o pior, é o colapso da China.
Como segunda maior do mundo, um arrefecimento súbito da economia chinesa iria arrasar com todo o sistema, que ao longo de décadas tem sido distorcido para se adaptar ao crescimento do ‘império do meio’.
6 – Putin, o Czar da… Síria
O ‘papão’ do ocidente pode tornar-se, em 2016, no grande vencedor do problema da Síria, um país onde existe um regime, várias forças rebeldes, ataques de potências nucleares e a força terrorista do momento.
Se Vladimir Putin conseguir eliminar o Estado Islâmico e pacificar a Síria, a Rússia seria um dos maiores atores políticos mundiais, inviabilizando qualquer sanção (como as que a União Europeia e os EUA tentaram impor por causa da Crimeia, se ainda se recorda).
7 – Donald Trump, o Presidente
O último cenário da lista será, todavia, o que pode estar mais perto de concretizar-se: a eleição do magnata Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos da América.
O candidato que tenta ser indicado pelo partido republicano é um ‘maverick’, termo que não tem tradução direta: o mais aproximado será ‘eucalipto’, alguém que seca tudo à volta.
Trump na Casa Branca é um pesadelo financeiro dada a impossibilidade de prever as consequências de propostas como o endurecimento da política de imigração, a renovação do quadro fiscal e a promessa de “fortalecer” a influência militar dos EUA no resto do mundo.
Depois de tudo isto, resta apenas uma total sinceridade quando formos a desejar “um feliz ano novo” nos próximos dias.