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Fed reúne-se a partir de terça-feira para decidir eventual novo corte nas taxas de juro

A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) deverá anunciar na quarta-feira uma nova descida das taxas de juro, uma medida que visa contrariar os riscos de abrandamento ligados à ‘guerra’ comercial com a China e abrandamento na Europa.

O banco central norte-americano inicia na terça-feira o seu encontro periódico, que durará dois dias e terá lugar em Washington.

Os mercados financeiros acreditam, numa percentagem superior a de 80 por cento, que a Fed vai baixar a taxa de juro em 0,25 pontos percentuais, tal como aconteceu no final de julho e pela primeira vez em 10 anos, de acordo com a agência France Presse (AFP).

“É quase certo de que irão reduzir as taxas para as colocar entre 1,75 por cento e 2 por cento”, afirmou numa nota citada pela AFP Paul Ashworth, economista-chefe da Capital Economics para os Estados Unidos.

A Fed anunciará a sua decisão na quarta-feira às 17:00 (hora em Portugal), no final da reunião sobre política monetária, sendo também esperadas novas previsões quanto ao crescimento económico.

Kathy Bostjancic, da Oxford Economics, disse à AFP pensar que “a Fed pretende garantir algum grau de segurança” ao baixar as taxas de juro, o que apoiará a economia face às incertezas comerciais e à dissipação dos estímulos das reduções de impostos feitas em 2018 nos Estados Unidos.

O possível anúncio por parte da Fed segue-se à descida das taxas de juro já anunciada por parte do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira, para -0,50 por cento.

Atualmente, a economia dos Estados Unidos parece mais resistente do que a europeia, e a ação da Fed é vista pelos analistas como uma tentativa de prevenção para manter uma expansão económica que dura já há uma década, de acordo com a Associated Press.

“A Fed está essencialmente a puxar uma corda, e tem-no feito há já algum tempo”, disse à Associated Press Russel Price, economista-chefe da Ameriprise Financial, acrescentando que “o BCE também”.

As descidas nas taxas de juro são destinadas a encorajar mais empréstimos e gastos por parte das pessoas, com vista a acelerar o crescimento e a dinâmica das economias.

As taxas mais baixas de empréstimos, por exemplo, normalmente afetam as vendas de casas, e dinheiro mais barato pode levar as empresas a pedir mais empréstimos, expandir e contratar. No entanto, a venda de casas está com uma dinâmica lenta nos Estados Unidos e na Europa.

De acordo com Russell Price, o problema principal é falta de casas para venda e não altas taxas de empréstimo. Nos Estados Unidos, as taxas de juro do crédito à habitação estão abaixo de 4 por cento e as empresas mostram-se reticentes em investir, sobretudo por causa de grandes incertezas à volta das políticas comerciais do Presidente, Donald Trump.

Os analistas pensam que a Fed terá maior sucesso a apoiar a economia norte-americana, uma vez que estará apenas a prolongar uma expansão, e que a Europa está mais próxima de uma recessão. Com a taxa de referência entre os 2 por cento e os 2,25 por cento, a Fed tem também maior margem para cortar taxas do que o BCE.

“O ponto de partida das economias interessa”, disse o economista Eric Winograd, da AllianceBernstein, à AP, acrescentando que a recuperação norte-americana “está mais entranhada e mais estável” do que a europeia.

Os dois economistas ouvidos pela AP veem poucos pontos negativos nas descidas das taxas de juro por parte dos bancos centrais, particularmente no caso da Fed, uma vez que os bancos norte-americanos estão a ter lucros sólidos e que o BCE tomou medidas para apoiar os seus bancos.

Ambos afirmaram à AP que os mercados bolsistas não estão numa bolha e que outros ativos não estão sobrevalorizados.

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