Economia

Fecho de restaurantes faz cair valor do peixe na Lota de Peniche

Os pescadores de Peniche estão a reduzir os rendimentos e ponderam parar, enquanto nesta lota do distrito de Leiria se vende menos pescado por causa do encerramento da restauração face aos receios da pandemia do novo coronavírus.

Na descarga do pescado após mais um dia de pesca, António Pereira, mestre do arrastão “Sagitarius”, espera continuar a pescar se a lota se mantiver aberta, mas com o encerramento da restauração “o preço do ‘peixe grosso’ caiu muito”, conta à agência Lusa.

Apesar dos receios de infeção num setor em que “é impossível trabalhar a mais de um metro de distância”, a alternativa passa por capturar ‘peixe fino’, como carapau ou fanecas, enquanto continuam a sair para o mar.

“No mar estamos bem, o receio é vir para terra”, diz à Lusa Jorge Novo, mestre do palangreiro “Silmar”, cuja tripulação “trabalha encostada”, mas ainda não foi a casa desde que a pandemia começou em Portugal e só sai para terra para ir às compras.

O pescador teme que as descargas em lota “não compensem” os riscos que correm para continuar a fazer chegar peixe aos consumidores.

No caso do cherne, “o preço era 25 euros por quilograma e agora está a 15 euros”, em resultado do encerramento da restauração, e “pondera ficar em casa se os preços continuarem a baixar” e se houver ajudas do Governo.

O palangreiro tem “fugido de descarregar” no porto de Vigo, em Espanha, onde os receios e a situação de epidemia “são piores”.

“Muitos barcos não têm ido ao mar” devido ao vento e às “horas de pesca mais reduzidas” devido à pandemia, explica à Lusa José António Paulino, chefe de exploração da Lota de Peniche.

A sua experiência a trabalhar há 40 anos na lota leva-o a concluir que “vai haver falta de peixe”.

“A lota em média vendia 3.000 a 3.500 caixas, cerca de 100 mil euros, e nos últimos dias tem estado a vender uma média de 1.200, menos de metade do valor”, compara.

Apesar dos receios da pandemia e da corrida aos mercados dos últimos dias, os compradores de peixe fresco têm vindo a adquirir em quantidades semelhantes ou até a reduzi-las.

Enquanto decorre o leilão do pescado, Paulo Silvério explica à Lusa que antes comprava por dia “cinco toneladas de peixe” e passou a “comprar metade, porque há menos oferta e há menos procura”.

Por seu turno, triplicou as vendas de “bacalhau seco”.

Vítor Estrela, comprador, conta que tem “optado por adquirir ‘peixe miúdo’, como douradas ou carapau, para os pequenos consumidores, em vez de ‘peixe grosso’, cujo destino era antes a restauração”.

Na lota, os funcionários trabalham de máscaras e luvas tentando cumprir a distância social mínima, mas os receios perante o risco de contágio pelo novo coronavírus são grandes por haver compradores menos disciplinados, a maioria dos quais sem proteção das mãos e no rosto.

O leilão não começou enquanto não se posicionaram todos a um metro de distância uns dos outros, deixando uma cadeira de intervalo nas bancadas.

A Docapesca está a promover a adesão dos compradores aos leilões através da Internet, para evitar a concentração de comerciantes nas lotas, disse à Lusa a presidente do conselho de administração, Teresa Coelho.

Além disso, foram impostos “limites para se cumprir o distanciamento social”.

Peniche é a lota do país com maior valor de pescado transacionado, tendo em 2019 faturado 32 milhões de euros.

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