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Fazer Conchinha pode ser um Bom Negócio

Vamos lá ser sinceros: poucas coisas no mundo superam a satisfação do acto de fazer conchinha com a pessoa amada. Sejam mais altos ou mais baixos, tenham os braços mais compridos ou mais curtos, gostem mais ou menos de abraços, é simplesmente impossível não gostar de fazer conchinha! E até aqui penso que estaremos todos de acordo. A discórdia pode, eventualmente, surgir agora: até que ponto o leitor estaria disposto a pagar para fazer conchinha? A pergunta pode parecer descabida, mas acredite que não é! Por incrível que pareça nos Estados Unidos da América floresce o negócio das empresas onde (por uma determinada quantia monetária por hora) pode fazer conchinha com completos(as) desconhecidos(as). Será isto polémico ou perfeitamente lógico? É isso que vamos debater na minha crónica desta semana!

Primeiro: os leitores que, por algum motivo, ainda não tiverem experimentado as maravilhas da conchinha vão, rapidamente, duvidar dos factos apresentados. Porquê? Porque como ainda não experimentaram não acreditam no seu poder. Mas garanto-vos (eu e qualquer outro leitor) que a conchinha é uma das maiores maravilhas que a humanidade alguma vez inventou.

Sim, é um facto que esta posição pode, às vezes, ser desconfortável para os homens (pelas razões que estão a pensar….mas que eu não vou explorar nesta crónica como devem compreender), contudo também pode ser o princípio de alguma malandrice da boa (temos de tentar ver o lado positivo disto).

Ora, que nos EUA há espaço para um pouco de tudo, incluindo muita maluquice, já todos sabemos. Agora, empresas que apostam em fazer conchinha? Isso sim é uma novidade!

Basicamente o modelo de negócio é o seguinte: por uma determinada quantia o consumidor pode fazer conchinha com um/uma empregado(a) da empresa. Esta é a base da ideia. Depois disto cada empresa desenvolve a ideia à sua maneira: enquanto uns preferem ter um espaço fixo (uma loja, digamos) onde tudo acontece outros preferem deixar à escolha do consumidor e do empregado(a) se preferem a casa de um ou de outro.

Algo comum a todas as empresas deste ramo são as regras. Elas não só existem como são rígidas e implacáveis. A mais importante delas todas é exactamente aquela que está a pensar: o consumidor está a pagar única e exclusivamente pela conchinha. Ou seja? Não existe nada mais do que a conchinha e uma boa conversa (caso o cliente queira, entenda-se, não é obrigatória). Logo nudez ou qualquer tipo de actos sexuais são absolutamente proibidos. Claro que por vezes os impulsos do nosso corpo, e da nossa mente, são impossíveis de controlar.

Mas aí é algo involuntário, é diferente. E sim, falo especificamente dos homens. Escusado será dizer que tudo isto foi suficiente para que se gerasse polémica no seio das comunidades locais onde estes negócios nasceram. Em alguns dos casos ouve suspeitas de prostituição, noutros sérias dúvidas da legalidade de tais projectos. E se algumas destas apostas falharam outras prosperaram, obviamente. “Cuddle Me Up”, “Cuddle Therapy”, “The Snuggery”, “The Snuggle House” ou ainda “Snuggle Buddies LLC” são apenas alguns exemplos de empresas que tentam a sua sorte num ramo praticamente recém-nascido e, como tal, desconhecido e cheio de controvérsia. O valor monetário exigido varia de empresa para empresa, mas estamos a falar de valores entre os 40$ e os 80$ por hora. Ou seja, este não é um serviço barato (pelo menos para o nível de vida português, dado que o caso norte-americano é outra conversa). Portanto, somos obrigados a questionar: “Mas afinal quem é que recorre a este tipo de serviços?”.

A resposta pode parecer inesperada mas é verdadeira: muito mais pessoas do que o estimado leitor pode pensar. Por exemplo? Empresários extremamente viajados. Largos milhares de empresários viajam regularmente, trabalham muitas horas por dia, estão a milhares de quilómetros da pessoa amada, da família e dos amigos e carregam consigo doses industriais de stress. E para este tipo de pessoas fazer conchinha durante uma hora pode ser a solução perfeita. Distraem-se, relaxam, recebem carinho e atenção e não estão a trair a namorara/mulher. Faz ou não faz sentido? Pois, a questão é exactamente essa: têm de reconhecer que faz.

Não estão totalmente convencidos? Ok, então vamos a um segundo exemplo. Outros possíveis clientes deste tipo de serviços são pessoas com algum tipo de deficiência. Pessoas com dificuldades motoras, por exemplo, estatisticamente têm mais dificuldade em encontrar a sua cara-metade. Atenção, não estou a dizer que não existem casos de sucesso! Felizmente existem muitos casos de sucesso amoroso em que uma das pessoas do casal tem algum tipo de deficiência! Contudo a realidade é que largos milhares de pessoas encontram demasiados obstáculos neste campo da sua vida. E é aqui que entra a conchinha. Sim, porque o simples facto destas pessoas poderem experienciar parte da realidade do quotidiano de um relacionamento amoroso traria certamente benefícios. Nunca subestimem o poder de um abraço, do toque da pele ou de uma boa conversa!

O quê? Ainda não se sentem convencidos? Então tenho um terceiro exemplo para vos dar. Poucos sentimentos serão mais tristes, e desanimadores, do que perder de vez o amor da nossa vida seja por velhice, doença ou acidente, por exemplo. Felizmente não experienciei um acontecimento desse género (e, verdade seja dita, espero nunca enfrentar essa situação) contudo estou certo de que fica um vazio difícil de preencher. No entanto a vida continua e, mais cedo ou mais tarde, teremos de aprender a viver com as regras que a vida dita. Mas aposto que para muitas pessoas será difícil imaginar sequer o toque da pele de outra pessoa. Ou então podemos querer carinho, atenção e uma boa conversa sem que isso implique uma relação amorosa (afinal de contas a partir de uma certa idade deixa de haver paciência para uma grande quantidade de coisas, incluindo uma relação amorosa). E para essas pessoas qual é a solução? O poder mágico da conchinha, claro está! É simples, fácil, muito mais barato do que qualquer outra solução e não sentimos o peso na consciência por estar a “trair” a pessoa que tanto amámos.

Estes três exemplos podem parecer caricatos e convenientes ao que quero provar mas, quer acreditem quer não, constituem as maiores percentagens de clientes deste tipo de serviço. Mas sabem que outro tipo de pessoas frequenta muito algumas das empresas acima mencionadas? Adolescentes, mães e cidadãos estrangeiros. Os primeiros procuram alguém com quem possam falar abertamente sem se sentirem julgados ou pressionados. As segundas procuram algum repouso e atenção para descontrair da stressante rotina de uma dona de casa. E os terceiros procuram algum convívio e uma forma de melhor se adaptarem, e integrarem, na comunidade local e no país que agora também lhes pertence.

O mais curioso deste negócio é que embora seja polémico é legítimo, lucrativo e chama a atenção de quase todo o tipo de cidadãos. Os empregados destes serviços normalmente são bem remunerados (embora acredite que seja cansativo fazer conchinha desde que o sol nasce até bem depois do sol se pôr), e afirmam sentir-se seguros (em todas as notícias e fontes que consultei é referida a extrema segurança que sentem e o facto de nunca terem tido outro tipo de abordagens/propostas por parte dos seus clientes).

Não sei até que ponto é que esta “moda” poderia verdadeiramente “pegar” em Portugal (temo que ainda existam demasiados preconceitos para aceitar tamanho avanço civilizacional), mas seria muito bom ver alguns países europeus adoptar este modelo de negócio, por exemplo.

Boa semana!

Boas leituras e….boas conchinhas!

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