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Fãs emocionados em velório de Roberto Leal viam cantor como símbolo da família

São Paulo, 16 set 2019 (Lusa) – O velório do cantor português Roberto Leal, que morreu no domingo, vítima de cancro, emocionou hoje centenas de fãs, que se foram despedir do artista na Casa de Portugal, no centro da cidade brasileira de São Paulo.

O músico foi velado na Casa de Portugal e será sepultado no cemitério de Congonhas, também em São Paulo.

No velório, os fãs cantaram músicas consagradas do artista, carregavam discos e retratos, numa última homenagem, que contou também com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Nascimento, do deputado José Cesário e de membros do conselho e da comunidade luso-brasileira.

“Conheço a música do Roberto Leal desde pequena porque sou filha de portugueses. Todas as festas tinham música de Roberto Leal. De um artista, o único velório que eu vim [pessoalmente] foi no dele. Eu e a minha família estamos sentindo muito a morte dele”, explicou Cátia Rosa.

A lusodescendente, de 47 anos, contou que nas festas de família eram tocadas e dançava-se ao som das músicas de Roberto Leal.

“Ele era uma pessoa humilde, que cantava a alegria de Portugal e nossa família falava de Portugal, [um país] que conhecemos também pelas músicas dele. Meu pai, minha avó de 100 anos que está aqui também [no velório] relembravam sua terra natal através das músicas dele”, completou.

Para a luso-brasileira, Roberto Leal significava o amor entre os dois países.

“Ele significava o amor entre o Brasil e Portugal. Daquele povo sofrido que veio para o Brasil na época do [António de Oliveira] Salazar, naquela época em que havia ditadura em Portugal. Meu pai veio para o Brasil por causa disto e [para mim] o Leal lembra esta união do Brasil e Portugal”, afirmou.

Alberto Faustino Aires, de 42 anos, também lamentou a morte do cantor, frisando que ele fazia parte de sua história familiar.

“Ele [Leal] faz um pouco da nossa história. Meus pais são portugueses, minha família toda na verdade é [de Portugal]”, afirmou, acrescentando que a comunidade portuguesa “é muito forte no Brasil também por causa dele”.

Para Julieta Maria Jan Jacomo, de 65 anos, que começou a acompanhar a carreira artística de Roberto Leal aos 17 anos, “o Brasil perdeu um ídolo” : “Estamos muito tristes. O Brasil inteiro parou”.

“Fiquei chocada [com a morte dele], chorei tanto ontem. Estava meio gripada, chorando. Foi horrível. Vim ao velório para dar um carinho para ele. Ele era muito importante para a comunidade portuguesa”, notou.

Paulo Machado, vice-presidente da Casa de Portugal de São Paulo, considerou que Roberto Leal era um dos artistas que fizeram parte da história da comunidade e daquele espaço.

“A Casa de Portugal e a comunidade hoje, obviamente, está de luto porque perde um dos seus maiores símbolos e a pessoa de maior eminência dos portugueses no Brasil. O Roberto Leal teve uma história intimamente ligada à história da Casa de Portugal, principalmente a partir de 1962, quando começou a sua carreira, que no auge do seu sucesso nunca esqueceu a Casa de Portugal”, explicou.

O dirigente da Casa de Portugal frisou que “não só a comunidade luso-brasileira, mas também o grande público brasileiro do Roberto Leal identificou a alegria da forma de ser e de estar do Roberto Leal”.

O cantor “era alguém que sempre soube dignificar a presença portuguesa no Brasil e sem dúvida nenhuma [sua morte] é uma perda irreparável para a música portuguesa no Brasil”, vincou Paulo Machado, concluindo que “a comunidade perdeu um grande amigo”.

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