A intervenção do Presidente da República no 5 de outubro foi, para Marcelo Rebelo de Sousa, como um discurso de “Marinho e Pinto”. Ou, pior ainda, sem esperança: “Se um Presidente não tem esperança na República e na democracia, quem é que tem?”
Cavaco Silva parecia Marinho e Pinto, criticou ontem Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o comentador da TVI, um Presidente da república não pode analisar uma eventual “implosão do sistema político” como se fosse “Marinho e Pinto”.
“O Presidente não pode fazer a mesma análise que você [Judite de Sousa] faria ou eu faria ou que Marinho Pinto faz sobre a implosão do sistema político”, argumentou.
“Sobretudo a seguir a umas primárias do PS”, acrescentou ainda: “devia ter adocicado essa expressão, mesmo que pense” dessa forma.
“Senão sujeita-se à crítica, sobretudo da esquerda”, por ser um dos atores mais influentes da política nacional e nada fazer para evitar essa “implosão”, complementou.
Mas a principal crítica, segundo Marcelo, esteve na falta de esperança, em especial quando a intervenção assinalava a implementação da República.
“Cada um é como é e o estado de espírito do Presidente é muito negativo. Falta ali uma coisa, que é esperança”, argumentou.
O comentador deixou mesmo uma questão: “ele fala em esperança, mas o discurso é desesperançado. Um Presidente da República, que é o garante da República e da democracia, se ele não tem esperança na República e na democracia, quem é que tem?”
Outras críticas
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou também que “António Costa vai fazer o mesmo que fez na Câmara de Lisboa” ao assumir o poder no PS: “dividir e absorver uma parte do Bloco de Esquerda, entalar o PC retirando eleitorado, ir buscar novas sensibilidades que estejam a emergir, como o Partido Livre, e depois se precisar pode ir ao centro”.
Quanto ao PSD, tem de manter a coligação com o CDS se quiser superar o PS de Costa nas próximas legislativas. O problema é que a fiscalidade, em especial o IRS, continua a dividir os dois partidos da direita.
“A coligação tem de responder de forma forte e não dar sinais públicos da debilidade, haja ou não haja. Há espaço para um desagravamento do IRS e Passos Coelho é o primeiro a saber, ele ficou irritado foi com a partidarização da questão”, argumentou Marcelo.