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Factos que todos desconhecem sobre os Campeonatos do Mundo de Futebol – Parte III (Décadas de 80, 90 e 2000)

mexico86

Se é um leitor assíduo deste espaço está certamente ansioso pela crónica desta semana. E porquê? Porque é finalmente publicada a terceira, e última, parte da trilogia dedicada a curiosidades e factos que desconhece sobre as melhores selecções do mundo e a maior competição de todas: o Campeonato do Mundo de Futebol! Esta semana estão em análise seis edições: do Espanha’82 ao Japão/Coreia do Sul’2002. Pensam que sabem tudo futebol? Então preparem-se para ser surpreendidos!

Espanha 1982

• Os Campeonatos do Mundo já tinham no currículo jogos recheados de golos e alguns deles com verdadeiras “cabazadas”, mas nunca uma como a que a Hungria infligiu a uma muito macia selecção de El Salvador. Nada mais, nada menos do que um histórico 10-1, de tal forma que nunca mais se registou outra derrota por tais números.

• O recorde de faltas cometidas por um só jogador foi batido neste campeonato pelo italiano Gentile, que ainda hoje o detém. Nada mais do que 28 faltas e imagine-se, todas sobre o mesmo jogador: Diego Armando Maradona. O mais caricato é que o implacável transalpino não recebeu qualquer cartão pelas infracções. Ao contrário, foi o astro argentino (tão farto que estava de levar “pancada”) quem acabou por ser admoestado com um amarelo por ter reclamado junto do árbitro.

• O empate sem golos entre a Irlanda do Norte e a Jugoslávia escreveu uma página de história do Mundial de Futebol. Normal Whiteside, jogador norte-irlandês, foi lançado nesse desafio quando tinha apenas 17 anos e 42 dias tornando-se assim no jogador mais jovem de sempre a disputar uma partida do campeonato do mundo. Em oposição este foi também o Mundial em que Dino Zoff, mítico guarda-redes italiano, se sagrou o mais velho jogador campeão do mundo, com 40 anos e 133 dias (mais do dobro da idade de Whiteside).

• Bizarra é o mínimo que se pode chamar à cena sucedida no França – Kuwait da primeira fase que terminou com a vitória da formação europeia por 4-1. Após um golo dos gauleses o Xeque Fahid Al-Sabah (que acumulava também o cargo de Presidente da Federação do Kuwait) resolveu deixar a tribuna onde assistia ao jogo para invadir o relvado e mandar os seus jogadores abandonar o terreno de jogo. Tudo porque considerava que o tento dos bleus tinha sido apontado de forma ilegal. Gerou-se uma grande confusão dentro das quatro linhas, algo que só ficou resolvido depois do árbitro (o soviético Miroslav Stupar) ter anulado o golo (limpo, por sinal) à França. Tal atitude acabaria por sair cara ao juiz da partida – a FIFA exclui-o nesse mesmo dia do torneio.

México 1986

• O México’86 esteve para ser o Colômbia’86 e só não o foi porque o governo colombiano recusou-se a aceitar as pretensões da federação do seu país e da FIFA, afirmando não ter verba suficiente para suportar a organização de um evento de tal envergadura. RFA, Espanha e Holanda e Bélgica (numa candidatura conjunta) estavam prontas para receber a competição, contudo a FIFA quis manter a tradição de intercalar a realização de um Mundial em solo europeu com outro organizado por um país de fora do Velho Continente. Surgiram então o Brasil, os EUA e o México, pendendo a balança para o país da América Central que assim se tornou no primeiro país a organizar dois mundiais.

• Quase que nem valeu a pena ao uruguaio José Baptista ter-se equipado para jogar frente à Escócia, na última jornada do Grupo 5 (primeira fase). Com os ponteiros do cronómetro do árbitro a contarem apenas 55 segundos, o sul-americano teve uma entrada descabida sobre um adversário e recebeu imediatamente ordem de expulsão. Ainda assim o Uruguai aguentou-se bem a jogar só com dez: empatou a zero e acompanhou a RFA rumo aos oitavos-de-final.

• Uma das principais sensações da primeira fase foi a Dinamarca. Os escandinavos, que derrotaram a Escócia (1-0), o Uruguai (6-1) e a RFA (2-0), tinham como principal estrela Preben Elkjaer-Larsen. Até aqui nada de estranho, não fosse o facto deste jogador fumar mais de 30 cigarros por dia!

• A final do México’86 comprovou em definitivo a paixão do povo pelo Campeonato do Mundo, vista que foi através da televisão em 166 países e por qualquer coisa como 652 milhões de espectadores. Dessa forma ultrapassou o recorde que vigorava até então: a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, com 522 milhões de espectadores. Este último já havia sido o primeiro evento desportivo a conseguir ultrapassar os índices de audiência de uma das mais marcantes páginas da história da humanidade: a chegada do homem à Lua, em 1969, à qual assistiram 490 milhões de pessoas.

Itália 1990

• As decisivas convulsões políticas na Europa do final da década de 80 permitiram que inúmeros países corressem, de uma vez por todas, a “cortina de ferro” que os separava do mundo ocidental. Assim, pela última vez, a República Federal da Alemanha participou separadamente da República Democrática Alemã. Poucos meses depois do Itália’90, Berlim assistiu à queda do Muro e à unificação dos dois países.

A Checoslováquia foi dividida, logo depois, na República Checa e na Eslováquia, enquanto a Jugoslávia se dissolveu em cinco nações: Croácia, Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Macedónia e Sérvia e Montenegro. A União Soviética acabou também ela por ser dividida em quinze Estados.

• O Itália’90 marcou a despedida de uma das regras que mais contribuíram para o futebol pouco espectacular que se vivia neste período. Pela última vez os guarda-redes tiveram a permissão de agarrar o esférico quando o mesmo vinha dos pés de alguns dos companheiros de equipa.

• A meia-final entre a RFA e a Inglaterra, que os alemães venceram no desempate por grandes penalidades, (garantido assim a presença na sua sexta final), levou Gary Lineker a proferir um desabafo que ficou famoso na história do futebol: “O futebol é simples, são 22 homens a correr atrás de uma bola e, no final, vencem os alemães”.

Estados Unidos 1994

• Apenas três jogadores acusaram positivo no controlo anti-doping num Campeonato do Mundo. Foram eles Jean-Joseph (do Haiti) em 1974, o escocês Willie Johnston em 1978 e o argentino Diego Maradona em 1994.

• Entre mais de 114 jogadores expulsos em todas as edições do Campeonato do Mundo apenas houve um guarda-redes. Foi ele o italiano Gianluca Pagliuca que viu o cartão vermelho no jogo frente à Noruega, a contar para o Grupo E, por ter derrubado fora da área um adversário que seguia para a baliza.

• Se houve um jogador talhado para actuar em Mundiais esse homem foi Roger Milla. O ponta-de-lança dos Camarões, que brilhou em 1990, chegou ao Campeonato do Mundo dos EUA com 42 anos e, apesar da pobre participação do seu país acabou por entrar para o Guiness, o Livro dos Recordes. Na despedida dos palcos do futebol internacional actuou como suplente nos jogos frente ao Brasil e à URSS. Nesta segunda presença apontou um golo que o tornou no mais velho jogador de sempre a marcar em Mundiais, com 42 anos e 38 dias.

França 1998

• Foi por uma questão de estilo que jogadores como o médio Fernando Redondo ou o avançado Claudio Caniggia não foram convocados para o França’1998. O seleccionador argentino Daniel Passarela (capitão dos campeões do mundo de 1978) definiu regras muito rígidas quanto aos cortes de cabelo dos jogadores argentinos: nada de cabelos compridos. E assim foi. Esta regra obrigou mesmo o ponta-de-lança Gabriel Batistuta a trocar a longa cabeleira por algo mais curto.

• Foi uma selecção multicultural aquela que deu à anfitriã França o seu único título Mundial. Dos 23 convocados 12 eram de origem estrangeira. Havia Zidane (filho de emigrantes argelinos), Djorkaeff e Boghossia (de origem arménia), Vieira (descendente de cabo-verdianos), Pires (filho de pai português e mãe espanhola), Trezeguet (que cresceu na Argentina) e Desailly (nascido no Gana), entre outros.

• Anteriormente já alguns atletas haviam representado duas selecções diferentes. Contudo com a alteração da legislação essas situações foram proibidas (a não ser que algum contexto político muito particular originasse a segregação/unificação de vários Estados). Devido à guerra civil na antiga Jugoslávia, Robert Prosinecki passou a representar a jovem Croácia. Prosinecki apontou um golo no Mundial, fazendo o mesmo no França’98 pelos croatas. E com este feito o médio-centro passou a ser o primeiro homem a marcar golos em mundiais por dois países distintos.

Japão/Coreia do Sul 2002

• O primeiro Mundial do seculo XXI esteve recheado de novidades, algumas delas ilustrativas daquilo que a FIFA pretendia fazer em termos sociais. O melhor exemplo terá sido a proibição total de fumar nas bancadas de todos os estádios que serviram o torneio, mas esta medida não se ficou por aqui. A FIFA recomendou também que os treinadores evitassem puxar do cigarro durante os jogos e pediu a todas as televisões que não transmitissem qualquer imagem de algum dos intervenientes nos jogos a fumar.

• No encontro de atribuição dos 3o e 4o lugares o turco Hakan Sukur tornou-se no autor do golo mais madrugador na história dos Mundiais. Passavam somente onze segundos desde o início do jogo entre a Turquia e a Coreia do Sul, quando o ponta-de-lança bateu o guarda-redes Lee Won-Jae numa partida que viria a ser vencida por 3-2 pela selecção europeia.

• Apesar de serem dois países habituados ao sucesso nos Mundiais, Brasil e Alemanha, de forma surpreendente, defrontaram-se pela primeira vez em 2002 em partidas a contar para a mais apaixonante competição internacional de selecções. O inédito duelo aconteceu ao 87o jogo efectuado pelo Brasil enquanto a Alemanha fazia o seu 85o encontro.

E assim termina esta trilogia sobre os factos que todos desconhecem sobre os Campeonatos do Mundo de Futebol. É de extrema importância referir que todos os factos presentes nestas três crónicas foram retirados do livro “A história dos Campeonatos do Mundo de Futebol” da autoria de Rémulo Jónatas, Pedro Jorge da Cunha, Sérgio Pires e José Nuno Pimentel sendo assim oficiais e não apenas fruto de uma mera pesquisa na internet.

O objectivo nunca foi falar dos jogos, golos ou jogadores que todos já conheciam. O objectivo era falar apenas de curiosidades e bizarrias, acontecimentos que nenhum de nós poderia sequer imaginar. Se gosta de futebol é impossível não devorar estas três crónicas, tamanhas são as curiosidades que contêm. Quem sabe se um dia destes não lhe trago mais curiosidades…

Boa semana.
Boas leituras.

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