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Extrema-esquerda espanhola quer lugares no Governo ao contrário do que acontece em Portugal

O líder do Unidas Podemos, Pablo Iglesias, insistiu hoje na presença de ministros de extrema-esquerda no futuro Governo espanhol do socialista Pedro Sánchez, ao contrário do que acontece em Portugal, onde PCP e BE “não querem estar”.

“Sabe porquê [não há ministros de extrema-esquerda em Portugal]?: porque não querem estar”, disse hoje Pablo Iglesias em entrevista à televisão pública espanhola (RTVE), insistindo na presença de ministros do Unidas Podemos na proporção com que os eleitores espanhóis votaram nas eleições legislativas de 28 de abril último.

Por outro lado, Iglesias recusou a última sugestão feita pelo PSOE (Partido Socialista Espanhol) quanto à possibilidade da presença de ministros de extrema esquerda com “perfil mais técnico do que político”.

“A democracia não quer dizer que governem técnicos” disse o líder do Unidas Podemos, uma coligação de partidos e movimentos da extrema-esquerda espanhola que inclui o Podemos e a Esquerda Unida, onde está também o Partido Comunista de Espanha.

Para Pablo Iglesias, a negociação com o PSOE tem de ser “integral”, abrangendo o futuro programa de Governo e também as pessoas que o vão formar.

Pedro Sánchez anunciou na quinta-feira que vai voltar a encontrar-se com Pablo Iglesias, para tentar desbloquear o atual impasse na formação de Governo.

O PSOE (Partido Socialista Espanhol) ganhou as eleições legislativas de 28 de abril com 123 deputados num total de 350, mas até agora não conseguiu os apoios necessários para assegurar a investidura de Sánchez, numa votação prevista para a semana que se inicia em 22 de julho.

Os votos do Unidas Podemos são imprescindíveis à recondução de Pedro Sánchez, depois de todos os partidos à direita do PSOE já terem confirmado que irão votar contra a sua investidura, apesar dos múltiplos apelos de chefe do Governo de gestão para que se abstenham.

A formação de extrema-esquerda exige a entrada de dirigentes seus, como ministros, no futuro Governo espanhol, possibilidade que os socialistas recusam terminantemente, preferindo apenas o seu apoio parlamentar e avançando apenas com a eventual concessão de lugares intermédios de poder (secretarias de Estado e direções-gerais).

Mesmo se conseguir o apoio do Unidas Podemos, Sánchez terá de negociar com outros partidos ou, na pior das hipóteses, que se abstenham numa segunda volta, quando apenas precisar da maioria dos votos expressos.

A falta de progressos para formar Governo, três meses depois das eleições legislativas, leva os analistas a avançarem cada vez mais com a possibilidade de que seja marcada uma nova consulta eleitoral.

Nas legislativas de 28 de abril, os socialistas foram o partido mais votado, com quase 29 por cento dos votos, mas outros quatro partidos tiveram mais de 10 por cento, acentuando a grande fragmentação política do país.

O PSOE tem 123 deputados eleitos (28,68 por cento dos votos), o PP 66 (16,70 por cento), o Cidadãos 57 (15,86 por cento), a coligação Unidas Podemos 42 (14,31 por cento), o Vox (extrema-direita) 24 (10,26 por cento), tendo os restantes sido eleitos em listas de formações regionais, o que inclui partidos nacionalistas e independentistas.

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