Ciência

“É extraordinário o que o discurso partidário faz dos números”, diz Gomes Ferreira

O Eurostat e o INE dizem que o défice português de 2017 é de três por cento, mas Mário Centeno não concorda e fala como se o défice fosse de um por cento. O jornalista e comentador José Gomes Ferreira lamenta o discurso.

“É extraordinário o que o discurso partidário consegue fazer dos números”, lamenta Gomes Ferreira, num comentário, na SIC Notícias, à discrepância entre os dados revelados pelo gabinete de estatísticas da União Europeia e as palavras do ministro das Finanças.

“O défice é mesmo de três por cento. O discurso partidário consegue apresentar interpretações completamente diferentes dos números”, salienta ainda.

Não é apenas o Eurostat que contabiliza a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos no défice: também o Instituto Nacional de Estatística o fez, nesta segunda-feira.

Ao colocar-se aquela despesa no défice, os números passam de 0,9 por cento para três pontos percentuais.

Mário Centeno congratula-se com a realidade. “Hoje deixamos definitivamente as impossibilidades aritméticas, os milagres e as reversões e saudámos o esforço de toda a administração pública e todos os portugueses”, afirmou.

Gomes Ferreira não compreende. “Ninguém no Governo estaria a contar que o INE fosse contar com a recapitalização da Caixa para o défice. Mas já havia um historial”.

“O défice que conta para o povo português é que tivemos de suportar uma recapitalização da Caixa”.

O comentador lamenta que ninguém tenha manifestado interesse em discutir “os créditos dados a amigos de banqueiros que nunca foram explicados aos portugueses”.

A boa notícia é que Portugal não corre riscos de regressar a um procedimento por défice excessivo.

Bruxelas entende que, para analisar as finanças públicas portuguesas, este aumento de 0,9 para três por cento . Mas Gomes Ferreira lembra que é indesmentível que os portugueses “pagaram esse dinheiro e não o verão de volta”.

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