Ciência

Exposição na Gulbenkian cria roteiro para viajar até dentro do cérebro

De um fóssil com 500 milhões de anos a robôs pintores com inteligência de formiga, a nova exposição da Gulbenkian convida o visitante a entrar dentro da sua própria cabeça e entender melhor como pensa.

“Mais vasto que o céu” é o mote, retirado de um poema da norte-americana Emily Dickinson para ilustrar o passado do cérebro, o modo como a mente funciona e os rumos da inteligência artificial, afirmou aos jornalistas o comissário da exposição, Rui Oliveira.

Na entrada para exposição, que tem um percurso quase todo a meia luz, uma instalação vídeo do neurocientista americano Greg Dunn mostra imagens do cérebro ao som de um tema ambiental de Rodrigo Leão, como se a mente se visse a si própria.

“Falta saber ainda muito mais sobre o cérebro, mas conseguimos levantar o véu sobre como o seu funcionamento justifica a perceção, a memória, as emoções e a linguagem”, reconhece Rui Oliveira.

Desde o passado, a exposição traz à vista um cérebro fossilizado de um artrópode, um animal invertebrado com 500 milhões de anos, crânios com marcas de trepanação, uma prática ancestral em que se abria o crânio para resolver problemas, inclusivamente “quando algo corria mal do ponto de vista comportamental”.

No fim do percurso, os robôs pintores do artista Leonel Moura, que os criou, semelhantes a carros telecomandados, para terem “o máximo de poder de decisão” que se pode para já dar a uma máquina.

O algoritmo que os orienta não se destina a replicar a mente humana que o criou, mas os padrões cerebrais das formigas.

Ao longo da exposição, há ecrãs interativos com jogos para descobrir mais sobre os cérebros que os joguem, como o desafio de memória que também foi posto ao chimpanzé de laboratório Ayumu, no Japão, e ao mesmo tempo que um vídeo ilustra a destreza com que o animal aprendeu a jogar.

No meio da exposição, uma das peças principais organiza a mente de até quatro visitantes ao mesmo tempo numa “orquestra de cérebros”, com um sensor que se coloca sobre a cabeça e regista a atividade cerebral, que é projetada num ecrã gigante e faz tocar sons que se vão juntando a uma faixa base.

Noutro ponto, os visitantes podem colocar novamente um sensor sobre a cabeça e jogar “futebol mental”, fazendo mover uma pequena bola sobre uma mesa com a sua capacidade de se concentrarem.

O comissário frisou que não se quis fazer sentir ao visitante “que está a ter uma aula sobre o cérebro”, preenchendo o espaço com ecrãs interativos e com peças artísticas como o quadro original da artista Bridget Riley, cujo movimento, a Op Art, se caracteriza por usar ilusões visuais.

A exposição “Cérebro: mais vasto que o céu” pode ser vista na sede da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, de 16 de março a 10 de junho.

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