Cultura

Exposição de Joana Vasconcelos em Serralves “assumida” por João Ribas

A presidente do conselho de administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, disse hoje que a exposição de Joana Vasconcelos, a inaugurar no Porto em fevereiro, foi proposta pelo Museu Guggenheim e “assumida” pelo anterior diretor, João Ribas.

Questionada pelos jornalistas no final da apresentação do plano de atividades para 2019, Ana Pinho afirmou que “a exposição foi proposta pelo Guggenheim de Bilbau, foi apresentada ao conselho [de administração] pela anterior diretora [Suzanne Cotter] e foi assumida pelo diretor que, entretanto, saiu [João Ribas] e concluída agora pela equipa liderada pela diretora interina [Marta Almeida]”.

A exposição “I’m Your Mirror”, organizada pelo Museu Guggenheim de Bilbau e comissariada por Enrique Juncosa, vai chegar ao Porto em fevereiro, onde fica patente até junho.

Na semana passada, em Paris, a artista Joana Vasconcelos classificou, em declarações à Lusa, de “polémica” a discussão gerada em torno da programação da sua exposição em Serralves, vinda do Guggenheim de Bilbau, e lamentou que se estrague a “visão do bom nome” da instituição portuense.

“Podemos chamar-lhe polémica, mas não se passa nada. Eu sou uma artista que expôs no Guggenheim em Bilbau e o Guggenheim propôs a Serralves trazer a sua exposição para o Porto e é isso que está a acontecer. […] As querelas locais têm pouco interesse e só estragam a visão do bom nome que se tem destas instituições”, afirmou Joana Vasconcelos em entrevista à agência Lusa em Paris, onde vai inaugurar uma mostra do seu trabalho na quinta-feira.

A demissão do diretor João Ribas e o atraso na divulgação da programação para 2019 do Museu de Serralves, no Porto, são, segundo a artista portuguesa, “uma série de eventos do foro íntimo de Serralves”.

A artista portuguesa disse desconhecer essas questões e referiu que a sua única intervenção neste processo foi ter respondido positivamente quando o Museu Guggenheim lhe perguntou se ela gostaria de expor em Serralves.

“Perguntaram-me se eu gostaria de expor no meu país e eu disse: ‘Adorava’. E então eles disseram que falariam com Serralves. Eu comecei a minha carreira em Serralves e voltar faz todo o sentido, é voltar a casa”, explicou Vasconcelos.

A itinerância da exposição “I’m Your Mirror” com o museu basco era algo que estava previsto há muito dado o nível de produção e investimento no projeto, como explicou. A seguir ao Porto, a exposição passará por Roterdão e outras cidades que ainda estão a ser definidas.

Com a inauguração em Serralves a acontecer no dia 14 de fevereiro, Joana Vasconcelos considera que está na altura de “desdramatizar” e pensar no museu portuense como uma instituição que pertence ao panorama internacional.

“Os museus têm diretores vindos de outros países, há pessoas que entram, há pessoas que saem e há coisas que são resultado dessa movimentação. E, no meio disto, há coisas que não correm tão bem, mas não é nada do outro mundo, é só mesmo assim e acontece em todo o lado. […] É preciso desdramatizar a situação e pensar que aquilo que é importante no meio desta confusão é que Serralves pertence a um panorama internacional de museus e isso é fantástico. Temos poucas estruturas culturais ligadas internacionalmente”, concluiu a artista.

A polémica em torno da exposição “I’m Your Mirror” em Serralves surgiu por nenhum dos dois diretores que estiveram à frente do museu nos últimos anos ter assumido a programação da mostra.

A diretora que antecedeu João Ribas, Suzanne Cotter, negou ao jornal Público ter programado a exposição, enquanto João Ribas se escusou a responder ao mesmo jornal, dizendo que “Joana Vasconcelos é uma artista extremamente relevante”, mas que o que ele gostaria de desenvolver à frente de Serralves era “um projeto distinto, que tem a ver com linhas de investigação sobre o que deve ser um museu no século XXI”.

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