O Exército tem “em andamento” um projeto para obras de 1,2 milhões de euros visando reforçar as condições de segurança das instalações de Santa Margarida, depois dos trabalhos prioritários decididos após o furto de Tancos e já executados.
De acordo com dados fornecidos pelo ramo à Lusa, o valor global previsto para obras de reforço da segurança nas instalações do campo militar de Santa Margarida – para onde foi transferida a maioria do material armazenado nos paióis de Tancos após o furto de há dois anos – foi de 4,446 milhões de euros.
Deste valor, faltam ainda executar 1,2 milhões de euros relativos a obras no terreno para o reforço de “demais condições de segurança das instalações com menor grau de prioridade face às obras anteriores”.
Em concreto, o montante refere-se ao projeto, cujo processo “está em andamento”, para reforçar as condições do terreno, atravessado por linhas de água, visando precaver “aluimentos” e garantir a manutenção das estruturas, segundo a porta-voz do Exército, major Elisabete Silva.
Quanto ao futuro das instalações de Tancos, esvaziadas e desativadas, o chefe do Estado-Maior do Exército, general Nunes da Fonseca, “continua a considerar os PNT [Paióis Nacionais de Tancos] como infraestruturas válidas de depósito do Exército”, contrariando uma intenção do seu antecessor, Rovisco Duarte, que admitia na altura converter as instalações num campo militar.
Assim, a vigilância e a manutenção das instalações “estão a ser garantidas, com menos efetivos”, com o objetivo de evitar situações eventuais de vandalismo até que se decida o futuro a dar aos paióis, disse.
O plano de investimentos em obras nas instalações militares de Santa Margarida, para onde foi deslocada a maioria do material militar armazenado em Tancos, foi decidido pelo anterior CEME, Rovisco Duarte, após o furto.
Antes do furto, em 2016, os paióis de Tancos tinham sofrido apenas algumas obras para a reconstrução da vedação periférica exterior numa parte do perímetro poente e reparações gerais em vários paióis.
O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos, foi noticiado em 29 de junho de 2017 e parte do equipamento foi recuperado quatro meses depois.
Como já ficara claro no relatório do Ministério da Defesa sobre o furto, foram evidenciadas, nas muitas horas de audições na comissão de inquérito que decorreu no parlamento, falhas de segurança nos paióis de Tancos, quer a nível das instalações, quer na falta de efetivos.
Nas audições parlamentares, os militares falaram de falhas no sistema de comunicações, na videovigilância, que deixou de existir a partir de 2006, de buracos nas redes de segurança e até de cabras a pastar junto aos paióis.