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Ex-PR da África do Sul Jacob Zuma nega alegações de corrupção na comissão de inquérito

O ex-presidente da África do Sul Jacob Zuma, que está no centro de alegações de corrupção e captura do Estado durante os seus mandatos, refutou hoje as acusações e distanciou-se da família Gupta, que alegadamente interferiu na governação do país.

Questionado nesse sentido, no segundo dia da sua audiência na comissão de inquérito Zondo, que investiga alegações de corrupção, conhecida como “Captura do Estado”, durante a sua governação (2009-2018), Jacob Zuma respondeu: “Não sei de nada (…), não posso comentar porque não estava lá”.

A ex-deputada do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), Vytjie Mentor, alegou durante o seu testemunho na comissão Zondo que Ajav Gupta ofereceu-lhe a pasta ministerial das Empresas Públicas se aceitasse descontinuar a rota aérea para Mumbai (Índia) da estatal South African Airways.

Vytjie Mentor alegou que, naquele dia, o ex-chefe de Estado sul-africano encontrava-se na sala ao lado onde decorreu o encontro na mansão dos Gupta, em Saxonwold, Joanesburgo, acusação que Jacob Zuma negou também.

“Não interagi com esta testemunha. Ele [Ajay Gupta] nada tinha a ver com o governo, ele é um empresário”, disse Jacob Zuma.

As alegações de que o ex-Presidente sul-africano terá dado “carta branca” aos três irmãos empresários Gupta, que são sócios em vários negócios com a família Zuma, para “pilhar” os recursos do Estado e influenciar a nomeação de altos dirigentes do ANC no governo, constituem parte do mandato da comissão de inquérito, que arrancou em agosto.

O ex-chefe de Estado, de 77 anos, disse hoje também que ele e os filhos receberam ameaças de morte horas depois de depor pela primeira vez na segunda-feira na comissão de inquérito, reunida no norte de Joanesburgo.

“Na noite passada, entre as 07:00 e as 08:00, a minha assistente pessoal do ANC recebeu um telefonema de uma pessoa desconhecida que disse para me informar que me vão matar e também os meus filhos e algumas pessoas do meu círculo”, afirmou Zuma.

Na segunda-feira, o ex-chefe de Estado negou ter cometido crimes e considerou que as numerosas acusações de corrupção de que é alvo são “uma conspiração para o prejudicar que remonta aos anos 90”.

De acordo com Zuma, “o plano inclui tentativas de assassinato com a intervenção de organizações de inteligência locais e estrangeiras”.

Jacob Zuma foi afastado pelo seu partido em fevereiro de 2018 e substituído por Cyril Ramaphosa, o seu vice-Presidente, que foi confirmado como chefe de Estado nas eleições gerais em maio último, com 57,5 por cento dos votos.

A comissão de inquérito, presidida pelo juiz Raymond Zondo, foi criada na sequência do relatório “Captura do Estado”, divulgado em 2016 pela então procuradora-geral da República, Thuli Madonsela, em que acusou Zuma e o seu executivo de orquestrarem uma “cabala” para colocar o Estado ao seu serviço pessoal e da família Gupta, empresários de origem indiana.

Paralelamente a esta investigação, Jacob Zuma está a ser processado judicialmente num caso de corrupção, branqueamento de capitais e fraude, relacionado com a compra de armamento e equipamento de defesa para as Forças Armadas sul-africanas no final dos anos 90.

Em 2016, por ordem do Tribunal Constitucional, Jacob Zuma foi obrigado a devolver meio milhão de euros do erário público por terem sido gastos irregularmente em obras na sua residência privada, na província do KwaZulu-Natal.

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