Depois da queda do muro de Berlim provocada com as mudanças políticas no mundo comunista, parece que está na moda a construção de muros, num retrocesso sem precedentes. O primeiro foi o muro que Israel mandou construir para separar o país dos palestinianos, devido aos atentados bombistas. Os EUA aprovaram construir um muro de 1200 quilómetros na fronteira do México para evitar a imigração clandestina. Em Bagdad, uma vala de quatro quilómetros para separar as comunidades sunitas e chiitas. Estes exemplos são alguns do que se está a passar no Mundo inteiro – muros, barricadas, valas, grades, fossos e trincheiras; desde América, África, Ásia e agora na Europa. Estas divisões, cercando a liberdade, são um paradoxo, numa época de globalização, os capitais e as transacções comerciais podem mover-se livremente, porém os seres humanos não. Os muros ressuscitam uma política que pensávamos acabada com a guerra-fria.
Hoje é uma atracção turística, a Muralha da China foi erguida no séc. III a. C., para tentar salvaguardar naquele tempo, o brilhante Império, das invasões dos mongólicos e de outros povos setentrionais. Esta muralha a maior de todas, com a extensão de 6500 quilómetros.
Como sabem esta muralha não conseguiu proteger o seu regime, do vigoroso impulso dos seus vizinhos do norte e da influência Ocidental. Lamento que os políticos pensem mais nas próximas eleições do que nas próximas gerações.
Os muros permitem uma contenção temporal mas não definitiva, tornam-se vulneráveis e um dia desaparecem, sendo destruídos pelos cidadãos. Como diz Federico Mayor Zaragoza, ex-director-geral da Unesco e presidente da Fundação Cultura pela Paz: “a melhor vala seria um Plano Marshall à escala mundial que impulsionasse, o desenvolvimento agrícola, industrial, sanitário, cultural e educativo das zonas pobres e conflituosas do Planeta”.
Este isolamento claustrofóbico e abusivo de populações que vivem na miséria, sem emprego, em condições sub-humanas mais parece campos de concentração. Recentemente em Pádua, o presidente da câmara mandou construir um muro metálico no bairro “ La Sereníssima”, habitado por imigrantes africanos infestados de droga, prostituição e violência. A uma escala menor existem a proliferação de condomínios luxuosos por todo o Portugal. Como se fosse possível ter uma vida faustosa e de luxúria e cá fora gente no limiar da pobreza, a passar fome, excluída e analfabeta.
É necessário modificar este estado de coisas: os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Este é um muro não visível. Ainda não percebi como não houve um levantamento popular com consequências sociais efectivas. País de brandos costumes, eu diria de cobardes.
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