Eurodeputados portugueses do PSD, CDU e MPT criticaram hoje a ajuda “tardia e fraca” da União Europeia (UE) aos países afetados pela passagem do ciclone Idai, há um mês, pedindo mais apoio na reconstrução destes territórios.
A devastação deixada pelo ciclone Idai e pelas cheias que se seguiram, após o dia 14 de março, na região centro de Moçambique, no Maláui e no Zimbabué, esteve em debate na sessão plenária do Parlamento Europeu, que decorre em Estrasburgo, França, até quinta-feira.
Intervindo na sessão, o eurodeputado social-democrata Paulo Rangel vincou que, “ao contrário do que foi dito, a reação da UE foi tardia”.
“A UE demorou a reagir e é inaceitável, não o faria com outros países, mas como se está a falar da África subdesenvolvida, a reação foi lenta no início”, sublinhou, referindo também que a União Europeia “devia ter feito mais”.
Porém, apesar de ter “falhado na sua resposta inicial”, a UE “agora está a responder bem”.
“Espero que não seja um episódio e que, na reconstrução, a UE seja capaz de dar uma resposta com mais consistência do que aquela que deu nos primeiros dias, em que foi fraca, frágil e tímida. Se não fossem os portugueses, [a resposta] tinha sido ainda mais lenta”, adiantou.
Pela CDU, o eurodeputado João Pimenta Lopes argumentou que “a ajuda mobilizada pela UE […] é uma gota de água no oceano de necessidades que estes países e as suas populações estão afrontados”.
“As necessidades ao nível de cuidados de saúde, alimentação, alojamento, logística, infraestruturas e proteção civil, entre outras, são imensas”, realçou, vincando que “os 15 milhões de euros e os apenas 11 peritos mobilizados pela UE ficam muito aquém do possível e do necessário”.
No mesmo sentido, o eurodeputado José Inácio Faria, eleito pelo MPT, vincou que a UE ativou “tardiamente” o Mecanismo Europeu de Proteção Civil para ajudar os países afetados pelo Idai.
“A solidariedade europeia tem de ser mais célere e abrangente. Não vale a pena criar mecanismos que depois não servem os objetivos para os quais foram criados”, referiu.
Pelo PS, Carlos Zorrinho salientou que “é preciso continuar a ajudar as populações afetadas e tirar, para o futuro, consequências do que aconteceu”.
“A cooperação internacional na resposta e prevenção [às catástrofes] é fundamental. As alterações climáticas não atendem a PIB, desenvolvimento, riqueza ou latitude, são um flagelo transversal”, notou.
Para o eurodeputado José Manuel Fernandes, do PSD, “é preciso um reforço adicional”.
“A UE é solidária internamente e externamente, mas é uma solidariedade que deve ser sempre reforçada até porque as alterações climáticas e os seus efeitos serão sempre mais gravosos”, sustentou, sugerindo a alocação de verbas do Fundo Europeu de Desenvolvimento aos territórios afetados.
Já a socialista Ana Gomes apontou na sua intervenção que “o desgoverno e a corrupção são, a todos os níveis, incluindo ao mais alto nível político, o pior inimigo do povo que tenta recuperar da devastação e das doenças deixados pelo Idai”, nomeadamente em Moçambique.
“São o inimigo que a UE e todos os países doadores devem ajudar a combater para que povo de Moçambique não seja mais massacrado”, concluiu.
Em Moçambique, o ciclone fez 603 mortos e afetou mais de 1,5 milhões de pessoas, segundo as autoridades moçambicanas.
Também de acordo com os dados mais recentes, no Zimbabué registaram-se 344 mortos e 257 desaparecidos.
Na Maláui, as inundações provocadas pela passagem do ciclone provocaram 59 mortos e quase 900 feridos.
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