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EUA dizem que vão manter equipa diplomática em Caracas

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, anunciou na quarta-feira que vai manter a equipa diplomática na Venezuela e instou as Forças Armadas venezuelanas a protegerem os cidadãos norte-americanos.

Num comunicado dirigido ao Presidente Nicolás Maduro, na quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, que chamou Maduro de “ex-presidente”, apontou que o mesmo “não tem autoridade legal para romper relações com os EUA ou declarar de ‘personas não gratas’ os diplomatas norte-americanos”.

Maduro disse que a equipa diplomática dos EUA na Venezuela tinha 72 horas para deixar o país, na sequência dos EUA terem reconhecido como Presidente interino o autoproclamado Presidente venezuelano, Juan Guaidó.

Na mesma nota, Pompeo aceitou o pedido de Guaidó para que as missões diplomáticas permanecessem na Venezuela.

“Os EUA mantêm relações diplomáticas com a Venezuela e vamos realizá-las por meio do Governo interino de Guaidó, que convidou a nossa missão a permanecer na Venezuela”, disse Pompeo.

O chefe da diplomacia de Trump pediu ainda às forças de segurança e militares venezuelanos para protegerem os cidadãos dos EUA na Venezuela.

Juan Guaidó autoproclamou-se na quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.

“Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres”, declarou, num dia marcado por protestos contra Nicolás Maduro por todo o país, que fizeram pelo menos sete mortos.

O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 03 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.

Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela maior parte da comunidade internacional.

A 15 de janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se “em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objetivo de organizar eleições livres e justas”.

Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e quase toda a América Latina – à exceção de México, Bolívia e Cuba, além da Rússia, que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Por seu lado, a União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados” e instando à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”.

Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou na quarta-feira o seu pleno respeito “à vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela e disse esperar que Nicolas Maduro “compreenda que o seu tempo acabou” e apelou à realização de “eleições livres”.

A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.

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