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“Eu dei a cara” pela crise nas finanças públicas, diz Presidente moçambicano

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, recordou hoje que deu “pessoalmente” a cara pela crise das finanças públicas às instituições internacionais, ampliada pelo escândalo das dívidas ocultas, e elogiou o trabalho feito, desde então, com o Fundo Monetário Internacional.

“Mesmo depois dos problemas que citou, nós demos a cara. Eu pessoalmente dei a cara como chefe de Estado de Moçambique e dissemos que queremos trabalhar”, afirmou Filipe Nyusi, em entrevista à Agência Lusa e Euronews, respondendo sobre os problemas das finanças públicas do país, que entrou em ‘default’ após a revelação de 2,2 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros) em créditos de empresas públicas com garantia estatais, um processo que está a ser investigado pelas autoridades internacionais.

Sem nunca se referir diretamente às dívidas ocultas, Nyusi preferiu realçar a boa colaboração com o FMI, salientando que as “reformas estão a acontecer em Moçambique” de acordo com o que é exigido pelas regras internacionais.

“Nós temos visitas regulares do nosso parceiro que é o FMI” e o nosso orçamento “é avaliado” pelos técnicos da organização, exemplificou.

As investigações judiciais implicam as empresas estatais Ematum, Proindicus e MAM. Após a divulgação das dívidas, Moçambique assumiu perante os credores problemas de liquidez e está a renegociar a dívida pública.

No início de junho, o Conselho Constitucional de Moçambique declarou nulos os empréstimos e as garantias soberanas conferidas pelo Estado no valor de 726,5 milhões de dólares (646,7 milhões de euros) à empresa Ematum.

Na entrevista, Nyusi também prometeu a participação da sociedade civil e de parceiros internacionais na fiscalização dos apoios dados ao país, doados pela comunidade internacional para a recuperação do país após os ciclones Idai e Keneth.

“Já se falava de transparência antes de chegarem esses apoios” internacionais, mas vamos “aumentar os processos de fiscalização, envolver a sociedade civil na avaliação e uma fiscalização independente”.

A conferência de doadores realizada na Beira recolheu promessas de apoios na ordem dos 1,2 mil milhões de dólares (mil milhões de euros), um terço daquilo que o governo estima que sejam os custos de reconstrução após os ciclones.

A primeira assistência aos afetados foi feita com recursos nacionais”, recordou o chefe de Estado moçambicano, que minimizou os desvios na ajuda nos primeiros dias.

“Para quem ficou uma semana sem comida ou sem água”, quando a ajuda apareceu, muitas vezes, é “carregar e fugir”. “Mas não podemos pensar que é roubo” porque a “pessoa precisa de comer”, salientou Filipe Nyusi, lembrando que todos os autores dos desvios dos apoios, na primeira fase, “foram responsabilizados”.

O Presidente prometeu também que com estes apoios internacionais os mecanismos serão mais apertados.

“Os fundos ainda não entraram todos. São promessas que foram feitas e há procedimentos” a cumprir, salientou Nyusi.

Quanto ao futuro, o impacto devastador dos ciclones no país ajudou as autoridades a prepararem-se melhor para novos desastres.

“Temos de colocar alguns meios aéreos ou embarcações” em zonas mais sensíveis, exemplificou Nyusi, acrescentando: “O Governo está atento e estamos a trabalhar para termos um seguro e um fundo de calamidades”.

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