Quem fez o primeiro transplante de tecido ovárico em Portugal? O Hospital de São João (HSJ) criticou o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) de “violar todas as regras da ética profissional” ao anunciar um transplante já realizado, mas o CHUC rejeita as acusações e explica-se.

Para Teresa Almeida Santos, diretora do serviço de Medicina de Reprodução Humana do CHUC (e presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução), não passa tudo de “um mal-entendido”.

Em causa está o anúncio, a 23 de hovembro, do primeiro transplante de tecido ovárico em Portugal, que levou o HSJ a acusar o CHUC de “violar todas as regras da ética profissional” porque tal cirurgia já tinha sido realizada no hospital portuense.

A administração do Centro Hospitalar de São João enviou uma exposição a Eurico Reis, o presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, para demonstrar que já tinha feito o transplante “inédito” a 8 de janeiro deste ano.

Mas esse foi o o primeiro transplante de tecido ovárico, enquanto o CHUC anunciou ter feito, explicou Teresa Almeida Santos, o primeiro transplante de tecido ovárico congelado com o objetivo de devolver a capacidade reprodutiva a uma doente oncológica.

“Tanto quanto sei, o transplante realizado no Hospital de São João não foi realizado numa doente oncológica, nem no âmbito de um programa de preservação da fertilidade”, argumentou a também professora na Faculdade de Coimbra, em declarações à Lusa.

“O que nós fizemos foi a realização de um transplante de tecido ovárico criopreservado de uma doente oncológica antes de se submeter a um tratamento de quimioterapia”, reforçou Teresa Almeida Santos, negando qualquer quebra das regras de ética.

A diretora do serviço salientou ainda que a cirurgia visou “preservar a fertilidade futura” da paciente, de 28 anos.

A responsável adiantou que, ao saber da exposição enviada pelo HSJ ao Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, enviou a Eurico Reis um esclarecimento em nome do CHUC.