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Estudo indica desconhecimento dos austríacos sobre o Holocausto

Na Áustria verifica-se um elevado desconhecimento sobre o genocídio nazi durante a Segunda Guerra Mundial assim como sobre o envolvimento de austríacos no Holocausto, indica um estudo publicado hoje.

A investigação, realizada por uma organização judaica e que vai ser discutida hoje numa conferência sobre compensações aos judeus vítimas do regime nazi, indica que 56 por cento dos austríacos que foram questionados sobre a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) desconhece que seis milhões de pessoas foram assassinadas no Holocausto e 36 por cento acredita que o número de vítimas “não ultrapassou os dois milhões”.

Greg Schneider, organizador da conferência judaica sobre apresentação de provas contra a Alemanha, disse que as conclusões da nova pesquisa são semelhantes aos estudos realizados nos Estados Unidos e no Canadá, mas mostra-se surpreendido porque se trata de uma investigação realizada junto da população austríaca.

“A tendência é semelhante, o que demonstra uma realidade perturbadora sobre a falta de conhecimentos sobre o Holocausto, mas o que é novo é que esta nova pesquisa foi realizada na região onde ocorreu o Holocausto”, disse Scheneider, da organização judaica com sede em Nova Iorque.

Um outro dado indica que 79 por cento dos austríacos sabe que Adolf Hitler nasceu na Áustria, mas apenas 14 por cento sabe que Adolf Eichmann, que desempenhou um papel central na Solução Final, era de ascendência germano austríaca.

Os resultados desta pesquisa fazem aumentar as preocupações relacionadas com o crescimento do partido de extrema-direita austríaca (Partido da Liberdade), parceiro da coligação governamental e que foi fundado no pós-guerra por antigos membros do Partido Nazi austríacos.

Os membros do partido da extrema-direita austríaco continuam a evocar o nazismo.

Na semana passada, o vice-presidente da câmara da cidade de Braunau am Inn, terra natal de Adolf Hitler, publicou um texto em que comparava os emigrantes a ratos, imitando a retórica que o antigo partido nacional-socialista utilizava contra os judeus.

Durante o passado fim de semana, o líder do Partido da Liberdade, Heinz-Christian Strache, que também ocupa o cargo de vice-chanceler da Áustria, disse que “é preciso lutar contra a deslocação da população nativa” (Bevoelkerungsaustausch), um termo que emana da antiga terminologia nazi.

“Receamos que alguma coisa parecida com o Holocausto possa voltar a acontecer, por isso eu estou muito preocupado com o que se está a passar-se na Áustria”, disse Scheneider.

No mesmo inquérito, os austríacos foram questionados especificamente sobre o Partido da Liberdade, sendo que 43 por cento dos inquiridos se mostram favoráveis às ideias defendidas pela formação de extrema-direita; seis por cento responderam que o partido é “patriota” e 42 por cento por cento considera que os partidos nacionalistas são xenófobos.

Efraim Zuroff, atual presidente do Centro Simon Wiesenthal, em Jerusalém, organização que promoveu a captura de nazis desde 1945, disse que o ponto mais inquietante da pesquisa divulgada hoje é o desconhecimento sobre o envolvimento da Áustria no Holocausto.

“Dado que aproximadamente um terço dos responsáveis pelo Holocausto eram austríacos, este estudo indica o nível de distorção sobre o assunto na Áustria e a relutância que existe em relação a responsabilidades dos austríacos”, comentou Zuroff.

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