A estreia absoluta de ‘Gertrude’ está marcada para o dia 5 de abril, no TECA. A peça, com dramaturgia, encenação e interpretação de Simão do Vale, é uma coprodução do Teatro Nacional de São João e ‘A Turma’.
O desafio não é menor: trabalhar William Shakespeare e uma das personagens de um dos mais emblemáticos textos do dramaturgo inglês. Mas a ‘Gertrude’ de Simão do Vale, que assina a dramaturgia e a encenação desta coprodução do Teatro Nacional de São João e de ‘A Turma’, propõe-se ir mais longe.
Esta peça bilingue (português e italiano) sobe ao palco do Teatro Carlos Alberto, em estreia absoluta, no dia 5 de abril (21h30), mantendo-se em cartaz até 14 de abril.
Dois atores – o autor, um português a residir em Turim, e a italiana de Génova Fiammetta Bellone – interpretam vários personagens: Gertrude, Hamlet e Cláudio (não podiam deixar de estar presentes), Polónio, o Espectro do falecido Rei, Ofélia (ou o que dela restará) e o Actor.
Estão assim lançadas as bases para um confronto cénico. Um confronto entre línguas próximas, uma figura que domina, Gertrude, mas que é dominada, que funciona como uma estrangeira numa corte que fala Português como língua oficial.
A ideia primordial do projeto ‘Gertrude’ nasce em janeiro de 2011 em Génova, no seio do Teatro Stabile, onde Simão e Fiametta estudaram (e onde a atriz lecciona dramaturgia contemporânea desde 2008).
Este texto baseia-se na curiosidade de explorar o personagem de Gertrude, considerado pelo autor um dos mais enigmáticos do teatro e um dos que mais problemas dramatúrgicos colocam, mas procura outros confrontos. Como, por exemplo, o que é esta Europa de tantas línguas.
Espectadores privilegiados do teatro e de um dos ensaios de preparação da peça, o actor e encenador João Reis e o escritor e dramaturgo Jacinto Lucas Pires, esboçam uma antecipação de respostas. ‘Este dispositivo montado por Simão do Vale não é mero exercício de economia, é um gesto inteligente que Hamlet, ele próprio, não desdenharia’, observa João Reis. Jacinto Lucas Pires arrisca mais: ‘isto é uma peça nova, ‘soberana’, não é um ‘anexo’ de Hamlet.’
Esta primeira encenação de Simão do Vale em Portugal parte de Hamlet, de William Shakespeare, lido nas traduções para português de António M. Feijó e para italiano de Agostino Lombardo. A música original e sonoplastia são assinadas por Francisco Pessanha de Meneses, a cenografia e figurinos por Bernardo Monteiro, o desenho de luz por Rui Simão, a coreografia por Né Barros e a assistência de encenação fica a cargo de Manuel Tur.